Caminhãod a Mercedes: Banco Mercedes-Benz responde por cerca de 40 por cento do financiamento para vendas de ônibus e de um terço das de caminhões (Guenter Schiffmann/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2014 às 18h34.
São Paulo - O crescimento robusto do agronegócio e o ambiente propício para investimentos das mineradoras vai puxar as vendas de caminhões para um desempenho superior ao do licenciamento de automóveis no Brasil em 2014, disse um executivo do Banco Mercedes-Benz, o maior do país em veículos comerciais.
"Agribusiness e minério devem demandar muitos caminhões", disse nesta segunda-feira Angel Martinez, diretor comercial do Banco Mercedes-Benz, em entrevista à Reuters. "A taxa subsidiada no PSI ainda é grande negócio." Segundo ele, a prorrogação do Finame PSI (programa do governo para incentivar investimentos em bens de capital) em 2014 deve seguir sustentando a demanda por caminhões. O plano, que tinha duração prevista até o fim de 2013, foi renovado na virada do ano, agora com taxa de 6 por cento ao ano, pouco acima da anterior.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê safra recorde em 2013/14, com crescimento de cerca de 3,6 por cento ante o ciclo anterior. O Banco do Brasil, maior concessor de crédito agrícola do país, viu sua carteira no setor crescer 34,1 por cento em 2013.
Para mineração, disse Martinez, a demanda maior por caminhões e bens de capital será influenciada pela queda do real frente ao dólar nos últimos meses. "Como as grandes mineradoras têm boa parte das receitas em dólar e despesas em reais, o momento é propício para renovar a frota", disse.
Em janeiro, o banco já se beneficiou desse ambiente, com um salto de 141 por cento dos desembolsos em relação a mesmo período de 2013, a 603 milhões de reais. O começo do ano passado foi marcado por fraca atividade no setor, com o mercado postergando compras à espera de definições na taxa do PSI.
Mas segundo o diretor do banco Mercedes-Benz, o forte ritmo de concessões de crédito no mês passado deve se prolongar até o fim do primeiro trimestre, puxado pelos setores citados. Depois, segmentos ligados ao varejo tendem a ser os destaques.
Um fator que deve beneficiar os bancos de montadoras, segundo Martinez, é a competição menos acirrada dos grandes bancos públicos, que entraram forte no financiamento automotivo no ano passado.
"No ano passado fomos pegos de surpresa pela agressividade dos bancos públicos", disse. "Agora somos nós que estamos mais agressivos." Com isso, o banco Mercedes-Benz, que responde por cerca de 40 por cento do financiamento para vendas de ônibus e de um terço das de caminhões no país, vê sua carteira de crédito crescendo um dígito alto neste ano. No período de 12 meses até janeiro, sua expansão foi de 5 por cento.
Na semana passada, a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) afirmou que os bancos de montadoras assumiram espaço deixado por grandes bancos, que preferiram moderação para conter a elevada inadimplência. Com isso, sua fatia na liberação de empréstimos cresceu de 53 para 60 por cento entre 2012 e 2013.