Banco do Brasil: ampliação das vice-presidências nas gestões anteriores ocorreu para acomodar indicados políticos (Pilar Olivares/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de outubro de 2019 às 13h49.
Última atualização em 19 de outubro de 2019 às 13h49.
O Banco do Brasil prepara uma reestruturação em sua alta cúpula, a primeira no governo de Jair Bolsonaro, segundo apurou o 'Estadão/Broadcast', serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. O entendimento da gestão Rubem Novaes, escolhido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para chefiar o banco, é de que a ampliação das vice-presidências do BB nas gestões anteriores ocorreu para acomodar indicados políticos.
O BB tem 9 vice-presidências, 27 diretorias e 12 unidades de negócios. A estrutura supera a dos concorrentes privados, que possuem entre três e quatro vice-presidências, no máximo, com exceção do Santander Brasil. A gestão anterior do BB fez tentativas de reestruturação, mas não tocou em questões críticas como a redução de cargos de direção. Agora, as mudanças devem atingir as vice-presidências de varejo, agronegócios, tecnologia e governo, de acordo com fontes.
Ontem, o assunto foi debatido durante longa reunião do Conselho de Administração do BB. O martelo, contudo, ainda não estaria batido e as mudanças estão sendo discutidas.
Dentre as possibilidades, está desmembrar a vice-presidência de negócios de varejo, antes capitaneada por Marcelo Labuto, que deixou o BB no início do ano para reforçar o quadro do concorrente Santander. Uma alternativa, conta uma fonte, é dividir as atividades entre a vice-presidência de distribuição de varejo, tocada por Carlos Motta dos Santos, e a de tecnologia chefiada por Fabio Barbosa.
Já estaria definido, por exemplo, que a diretoria de canais digitais, uma das mais relevantes na vice-presidência de negócios de varejo, será integrada à de tecnologia.
Outra vice-presidência que deve passar por mudanças é a de governo, que tem João Pinto Rabelo Júnior no comando. Tradicionalmente ocupada por indicações políticas, a área pode ser integrada à de agronegócios, cujo destino também está em análise.
Como grande parte dos créditos no segmento tem foco na pessoa física, diz uma fonte, uma possibilidade é combinar parte dessa estrutura também em uma vice-presidência única de negócios de varejo.
Outra mudança no radar é a unificação de algumas áreas corporativas do BB como jurídico, marketing e segurança. Também causa desconforto na gestão atual o fato de vice-presidentes e diretores do banco participarem de conselhos de administração de outras empresas.
Um estudo chegou a ser feito pela consultoria Mckinsey em 2017 para apontar possíveis movimentos de redução na estrutura do BB. Uma das propostas era justamente o movimento considerado pela administração atual, de fundir as vice-presidências de agronegócios e governo. Questões políticas, contudo, impediram que a máquina do BB fosse enxugada na ocasião.
Entre analistas, o movimento de reestruturação do BB é bem recebido sob a ótica de corte de custos, eficiência e governança corporativa. Um deles, na condição de anonimato, lamenta que esse passo ocorra somente após o banco ter perdido executivos de peso para a iniciativa privada.
No início do ano, o então vice-presidente de negócios de varejo do BB, Marcelo Labuto, renunciou ao cargo. Antes dele, Rogério Panca, de meios de pagamentos, e Alberto Monteiro, que chefiava a vice-presidência de relações com investidores, também saíram da instituição rumo ao Santander Brasil.
Neste ano, sob a gestão de Rubem Novaes, o BB fez um programa de demissão voluntária, chamado pelo banco de Programa de Adequação de Quadros (PAQ), com mais de 2,3 mil adesões. O objetivo era adequar o pessoal às necessidades do banco. Agora, a perspectiva é ir além. Procurado, o BB não se manifestou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.