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Banco do Brasil ou Bradesco: prós e contras de cada um na briga pelo Santander

Em jogo, estaria a compra de uma fatia de 30% a 40% do banco espanhol no Brasil, de acordo com fontes do mercado

Emilio Botín: visita ao Brasil  para negociar venda de parte do banco (Javier Soriano/AFP)

Emilio Botín: visita ao Brasil para negociar venda de parte do banco (Javier Soriano/AFP)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 25 de maio de 2012 às 20h02.

São Paulo – O fato de metade do lucro do Santander, no ano passado, ter vindo do Brasil clarificou a importância da operação brasileira do banco espanhol no mundo – além de levantar uma dúvida sobre qual seria a decisão sobre o negócio por aqui: fazer mais investimentos ou vender uma parte para levantar recursos para a matriz?

A informação, divulgada hoje pelo Estadão, que uma participação entre 30% e 40% do banco no Brasil está à venda deixou evidente que a segunda opção é a que vingará. Banco do Brasil e Bradesco estariam negociando a compra que movimentaria até 64 bilhões de reais. Apesar do Santander negar a venda, o rumo da trajetória do banco no Brasil já vinha sendo especulado pelo mercado desde o final do ano passado. O agravamento da crise espanhola e a venda de outras participações do banco no Chile e Colômbia reforçaram a suspeita. 

“Com os rumores, Itaú, BTG, Bradesco e Banco do Brasil passaram a sondar uma possível compra de participação, mas prevaleceu a proposta do BB e Bradesco”, afirma um executivo ligado ao Santander no país. De acordo com ele, o banqueiro Emílio Botín, presidente mundial do Santander, teria vindo ao Brasil no início de maio conversar com os presidentes dos dois bancos interessados.

Até agora, os rumores são de que o Banco do Brasil e o Bradesco são os mais cotados para fechar o negócio. Isto porque o Itaú ainda estaria digerindo a compra do Unibanco. Mas quem poderia levar a melhor na disputa? Veja os prós e contras dos dois na negociação de uma fatia no Santander, de acordo com analistas e fontes do mercado.

Bradesco

Depois de ter de se contentar com o segundo lugar no ranking dos maiores bancos brasileiros, após a compra do Unibanco pelo Itaú, em 2008, o Bradesco poderia se tornar o maior banco do país novamente com a compra de uma participação do Santander. Além de reforçar sua atuação no país, agregando à sua carteira de clientes contas globais e mais de 102 milhões de clientes, a transação seria ainda um belo jeito do Bradesco firmar seu plano de globalizar as operações.

A provável estratégia que está sendo desenhada pelo Bradesco para essa finalidade, de acordo com especialistas no setor, seria a mesma adotada pelo Itaú na compra do Bank Boston, em 2006: troca de ativos.

Na época, o BankBoston, controlado pelo Bank of America, recebeu cerca de 2,2 bilhões de dólares em ações do Itaú. “No caso do Santander, a troca seria de ativos mesmo porque o banco espanhol precisa de liquidez no momento, de garantias que comprovem a solidez do banco para com seus clientes”, diz um dos analistas. 


Em troca de seus ativos, o Bradesco poderia atuar nos escritórios do Espanhol em outras partes do mundo. E também poderia manter as duas bandeiras no Brasil, o que evitaria transtornos mais complicados de aprovação frente ao Cade.

Banco do Brasil

Com caixa livre de 56 bilhões reais, o Banco do Brasil seria outro potencial comprador da fatia do Santander no Brasil. Em 2000, com a compra do Banespa por 7 bilhões de reais, o Santander passou de quinto a terceiro maior banco privado do país. A compra da instituição pública nunca foi muito bem deglutida pelo Santander, principalmente no que diz respeito à integração dos sistemas, cuja robustez e exatidão sempre foram essenciais para o pagamento dos servidores provenientes do banco estatal.

Na negociação, o Banco do Brasil poderia fazer um acordo para ficar apenas com a invejável folha de pagamentos dos funcionários públicos do Estado de São Paulo, ainda em poder do Santander. “A folha conta com milhões de clientes captados a custo zero e com potencial imenso para venda de outros serviços”, afirma um consultor de bancos que preferiu não se identificar por prestar serviços às instituições.

A compra pelo Banco do Brasil ainda poderia ser, de quebra, aprovada com mais facilidade pelo Cade, diz o analista – bastaria que o governo realmente aprovasse a transação.

Coisa que não será tão fácil de acontecer. Nesta semana, notícia divulgada pelo Estadão afirma que a presidente Dilma Rousseff teria barrado a operação de compra das operações do Santander no país pelo Banco do Brasil. O motivo? Ela não querer ver um banco público colaborar com a concentração do setor. 

* Atualizada às 20h01

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