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Balanços: os destaques positivos, negativos e as surpresas do 2° tri

Varejistas como Magalu e Via Varejo foram o destaque positivo, com a alta do comércio eletrônico e a chegada de milhares de vendedores aos marketplaces

Bolsa de valores: Já se sabia que o setor de educação seria duramente impactado pela pandemia, mas o resultado veio ainda pior do que o esperado (Renato S. Cerqueira/FuturaPress)

Bolsa de valores: Já se sabia que o setor de educação seria duramente impactado pela pandemia, mas o resultado veio ainda pior do que o esperado (Renato S. Cerqueira/FuturaPress)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 1 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 09h00.

Com a divulgação dos balanços de Renner e CVC na noite de ontem, 31, termina a divulgação dos balanços do segundo trimestre deste ano. O período foi intensamente afetado pela pandemia do coronavírus, que levou ao fechamento de lojas e restaurantes, obrigou escolas a oferecerem aulas remotas e reduziu viagens. Veja abaixo as empresas e setores que se mostraram mais resilientes, os que foram destaque e as empresas com resultados ainda piores do que o esperado.

Varejo

O grande destaque foi o varejo - mesmo com o fechamento de algumas lojas. "Uma grande parte do auxílio emergencial foi usado em compras, de alimentos, remédios e até eletrônicos", diz Ricardo Jacomassi, economista-chefe da empresa de investimentos TCP Partners. Os supermercadistas, como Grupo Pão de Açúcar e Carrefour, mostraram resiliência, já que muitas pessoas deixaram de se alimentar fora de casa e passaram a cozinhar mais. O GPA apresentou lucro de R$ 333 milhões, queda de 20%, e o Carrefour lucrou 713 milhões de reais, alta de 75%.

As varejistas de eletrônicos foram o grande destaque, com o reforço do comércio eletrônico e a chegada de dezenas de milhares de novos vendedores aos seus marketplaces. Magazine Luiza teve prejuízo de 62,2 milhões de reais no trimestre, mas apresentou alta recorde nas receitas. Também deixou claro que estava em uma posição confortável em relação ao caixa com as diversas aquisições que fez no trimestre, destaca Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.

Depois de uma grande reestruturação, a Via Varejo estava preparada para a pandemia. "A Via Varejo é um grande destaque, com a receita do comércio online crescendo 300% e chegando a 70% das receitas", diz o analista. A empresa apresentou lucro líquido de 65 milhões de reais, ante prejuízo de 162 milhões em igual período do ano passado.

A exceção é o varejo de moda. A C&A teve prejuízo de 192 milhões de reais, revertendo o lucro de 25,7 milhões de reais do mesmo período de 2019. A Renner teve prejuízo ajustado de 228 milhões de reais, ainda que um efeito fiscal tenha garantido lucro, e a Marisa teve lucro bruto 81% menor, de 57 milhões de reais, para citar alguns exemplos.

Construção

O mercado imobiliário ganhou novos interessados e investidores. Com as taxas básicas de juros em uma mínima histórica, a construção civil residencial está aquecida. "O segmento residencial conseguiu captar a liquidez do mercado e os balanços refletiram isso", diz Jacomassi. Os lançamentos de imóveis tiveram queda de 44% no primeiro semestre, mas as construtoras aproveitaram o período para vender o estoque e muitas, como MRV, bateram recorde de vendas.

Proteínas

A gripe suína africana, que tem dizimado rebanhos na China desde o ano passado, bem como a pandemia do novo coronavírus impulsionaram as vendas de frigoríficos brasileiros. A JBS superou estimativas com lucro de 3,38 bilhões de reais, a Marfrig teve um lucro recorde de 1,6 bilhão de reais e a BRF teve lucro líquido de 307 milhões de reais, queda de 5,5%. "A JBS superou até a Petrobras em faturamento", destaca Carvalho.

Outras empresas do setor de alimentos também tiveram bons resultados, como a fabricante de biscoitos M. Dias Branco, com lucro de 152,4 milhões de reais, 51,5% superior, e a Camil, dona das marcas Camil, Coqueiro e União e que teve lucro líquido de 110 milhões de reais de março a maio, alta de 120%.

Celulose

A desvalorização do real frente ao dólar certamente prejudicou algumas companhias, mas deu vantagens para outras. As exportadoras, de maneira geral, tiveram um bom trimestre e um destaque é a Klabin, diz Carvalho. A Klabin apresentou Ebitda ajustado de 1,3 bilhão de reais, alta de 39% em relação ao mesmo período do ano anterior e melhor desempenho trimestral da história da fabricante de papel e celulose. Ainda assim, encerrou o período com prejuízo de 383 milhões de reais pelo impacto do câmbio na dívida.

O preço da celulose está mais perto de um equilíbrio, diz o analista, e a empresa também se beneficia do consumo. O papel e celulose são usados em diversas aplicações, de embalagens no supermercado, a caixas de papelão no comércio eletrônico, passando por sacos de cimento. O aumento nas vendas em mercados, o crescimento das vendas online até a construção civil ajudam a impulsionar a empresa.

Companhias aéreas

Um dos setores mais afetados pela pandemia foi o das companhias aéreas. Além da queda nas viagens, o setor também foi afetado pelo aumento do preço do petróleo, um dos maiores custos para as aéreas, e pela desvalorização do real frente ao dólar, que afeta não só esses custos como também a dívida das companhias.

A Avianca Brasil pediu falência, a Latam pediu recuperação judicial nos Estados Unidos e incluiu sua divisão brasileira, e a Gol tem 300 milhões de dólares a vencer esta semana, relativos à dívida garantida pela Delta Airlines. A Gol perdeu quase 2 bilhões de reais no trimestre e a Azul apresentou prejuízo de 2,9 bilhões de reais. Com foco na aviação regional, a Azul pode se recuperar mais rapidamente que suas rivais. "A malha interiorana pode ter boas margens e trazer bons resultados para a Azul", diz Jacomassi.

Educação

Já se sabia que o setor de educação seria duramente impactado pela pandemia, mas o resultado veio ainda pior do que o esperado. Evasão de alunos e maior inadimplência afetaram as receitas. Em 2 meses, 265 mil alunos abandonam cursos em universidades particulares. Dados da consultoria Atmã Educar indicam queda de 17% no total de novos alunos previstos para o ano — de 2,5 milhões para 2,06 milhões. O número de matrículas de meio de ano deverá cair 70%.

A Cogna apresentou prejuízo de 452 milhões de reais e a Yduqs, de 79,5 milhões de reais. Um dos alívios poderia ser o IPO da Vasta, subsidiária da Cogna (ex-Kroton), que está prestes a abrir capital na bolsa de valores de tecnologia Nasdaq, nos Estados Unidos. A Vasta oferece conteúdo para escolas através de sistemas de ensino, como Anglo e Pitágoras, com material digital e impresso, bem como sistemas de gestão, e pode ajudar a empresa a voltar para o azul.

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