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B2W para de queimar dinheiro, mas restam dúvidas sobre o futuro

Concorrentes, como Mercado Livre e Magazine Luiza, apresentaram resultados recordes enquanto dona da Americanas.com ficou no prejuízo

Centro de distribuição da B2W: ações subiram mais de 17% com bons resultados do trimestre (Luis Ushirobira/Site Exame)

Centro de distribuição da B2W: ações subiram mais de 17% com bons resultados do trimestre (Luis Ushirobira/Site Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 3 de novembro de 2017 às 16h23.

São Paulo – A B2W, dona da Americanas.com e Submarino.com, anunciou uma boa notícia nos seus resultados trimestrais.

No terceiro trimestre de 2017, ela gerou um caixa positivo de 44 milhões de reais, evolução de 530 milhões de reais em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

Mesmo assim, ela apresentou prejuízo líquido de 88 milhões de reais no trimestre. Nos nove primeiros meses de 2017, o prejuízo da B2W soma 376,6 milhões de reais.

Por isso, analistas estão cautelosos com o desempenho futuro da empresa, principalmente em comparação aos seus concorrentes, que apresentaram resultados recordes.

Parou de queimar dinheiro

A empresa queimou cerca de 1,4 bilhão de reais de caixa na primeira metade do ano e 487 milhões de reais no terceiro trimestre do ano passado.

Somando o prejuízo, aumento da dívida e emissão de novas ações, a companhia queimou 1,6 bilhão de reais em 2016, segundo cálculos do analista Franco Abelardo, do banco Morgan Stanley. Dá 3.000 reais perdidos por minuto.

Ainda que os 44 milhões de reais adicionados ao caixa da empresa pareçam pouco perto desse valor, a B2W acredita que está mais perto de um fluxo de caixa positivo, importante para que ela seja autossustentável.

O BTG Pactual prevê que a empresa possa chegar a caixa positivo de 20 milhões de reais em 2018.

O foco na geração de caixa vem com sacrifícios. Os investimentos da companhia diminuem a cada trimestre. No terceiro trimestre, o Capex, ou investimento, da empresa foi de 84,8 milhões de reais, redução de 12,5% em relação ao ano passado. Em 2016, o valor também já havia encolhido 43%, para 459,9 milhões de reais.

Mais vendas de terceiros, menos vendas próprias

A empresa quer que, cada vez mais, terceiros representem grande parte de suas vendas, a partir do marketplace. Como um shopping virtual, outros vendedores podem oferecer seus produtos pela plataforma da B2W.

Essa divisão teve um aumento de 101% nas vendas em relação ao mesmo trimestre do ano passado e chegou a 35,7% do total de vendas da companhia. No trimestre, 1.800 vendedores ingressaram no serviço – já são mais de 7.800.

A ideia, segundo Fabio Abrate, diretor financeiro da B2W, é que o marketplace responda por metade das vendas no ano que vem.

Para impulsionar ainda mais as vendas feitas por terceiros em seu site, a companhia lançou uma divisão C2C (ou Consumer to Consumer), em que uma pessoa pode colocar seus produtos usados à venda na plataforma.

Entretanto, o aumento no marketplace veio acompanhado de uma queda de 10% na receita bruta de vendas próprias.

Como resultado, as vendas totais atingiram 3,2 bilhões de reais, crescimento de apenas 5,1%. Para o Brasil Plural, a B2W está perdendo espaço no mercado, que aumentou cerca de 9,1%.

Concorrentes

Os principais concorrentes no comércio eletrônico apresentaram crescimento impressionante no trimestre.

No MercadoLibre, controlador do Mercado Livre, as vendas subiram 61%, para US$ 371 milhões, superando a maior estimativa dos analistas. A receita brasileira cresceu 75% em dólares, impulsionada pelo programa de frete gratuito e de fidelidade.

O Magazine Luiza apresentou lucro líquido de 92,5 milhões de reais no terceiro trimestre de 2017, um resultado 273% mais alto, o maior lucro de sua história.

O resultado do Magazine Luiza engloba tanto as lojas físicas quanto online: a sinergia entre os dois canais é um dos seus principais motores de crescimento. A empresa integrou as plataformas de vendas e estoque, centros de distribuição, logística de transporte e equipe no escritório.

A Via Varejo, que se uniu à Cnova no meio do ano passado, também está acumulando ganhos com a integração dos canais nas suas marcas Casas Bahia e Ponto Frio. Ela apresentou lucro de 14 milhões de reais no terceiro trimestre, ante prejuízo de 156 milhões de reais no mesmo período do ano passado.

Assim como a Magazine, clientes da Via Varejo podem comprar no site e retirar na loja, economizando frete.

No entanto, essa estratégia não agrada a B2W, que opera apenas os canais digitais das marcas Shoptime, Americanas.com e Submarino.com. Ainda que a Lojas Americanas seja sua controladora, as duas operações operam separadamente.

Apenas nesse trimestre a Lojas Americanas entrou como um dos vendedores do marketplace da Americanas.com.

“Avaliamos constantemente as sinergias possíveis entre as duas companhias”, diz Fabio Abrate, diretor financeiro da B2W. “Mas a nossa estratégia está bastante baseada em entregar o produto na casa do cliente. Oferecer que ele retire na loja é só mais uma opção”, afirma.

Com esses concorrentes de peso, a competição fica difícil para a B2W.

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