Centro de distribuição da B2W em São Paulo: no ano, as ações da B2W já acumulam valorização de mais de 170% (Luis Ushirobira/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2014 às 11h48.
São Paulo - Depois de quinze trimestres consecutivos de prejuízos, a companhia de comércio eletrônico B2W pode apresentar melhorias em seus resultados a partir deste segundo semestre, avaliam analistas.
Profissionais do mercado tem revisado suas estimativas para a companhia que pertence às Lojas Americanas e estão levando em consideração os impactos positivos do aumento de capital de R$ 2,38 bilhões concluído pela empresa. Ainda pesam sobre as análises, porém, a expectativa de que o e-commerce continue demandando altos investimentos e consumindo caixa.
No ano, as ações da B2W já acumulam valorização de mais de 170%. Parte disso se explica pela expectativa de que a companhia use uma parte dos recursos do aumento de capital para amortizar dívidas, comenta o analista da Ativa Corretora Lenon Borges. Com isso, o impacto negativo das dívidas no resultado financeiro diminui e o mercado passa até a especular sobre a possibilidade de a B2W vir a registrar lucro pela frente.
A analista da Concórdia, Daniela Martins, avalia que as expectativas no mercado hoje são de que a B2W possa atingir o "break-even" (equilíbrio entre receitas e despesas) no segundo semestre de 2015 ou início de 2016. "Acredito que a empresa deve começar a apresentar números mais positivos, mas isso vai depender dos investimentos que a companhia pretende fazer", comenta. Recursos do aumento de capital também devem ser destinados à abertura de novos centros de distribuição, tecnologia da informação e pequenas aquisições. "Melhorias nos resultados da companhia dependem do montante que será destinado a esses investimentos e do sucesso deles em trazer retornos", diz.
Participaram do aumento de capital a controladora Lojas Americanas e o fundo Tiger Global. Ao final, Lojas Americanas ficou com uma participação de 55,6% na B2W e o Tiger com 8%.
A B2W não comenta as expectativas sobre quando deve chegar ao lucro. Em teleconferência com analistas e investidores, o diretor de Relações com Investidores da B2W, Fabio Abrate, chegou a afastar rumores. "O break-even é uma consequência natural e que em algum momento vai acontecer", declarou.
Para o BTG Pactual, falta de visibilidade sobre quando a companhia pode gerar caixa apesar do aumento de capital. Em relatório, os analistas Fabio Monteiro e Thiago Andrade consideram ainda que, depois da forte valorização das ações, já não há espaço para altas.
O cenário de forte competição por preços no comércio eletrônico é outra preocupação que ameaça o sucesso da B2W neste momento. "Em nossa visão, as margens da companhia devem continuar pressionadas e ainda não está claro para nós se os investimentos vão se traduzir em vantagens competitivas", comentam em relatório os analistas da Brasil Plural Guilherme Assis, Victor Falzoni e Ruben Couto.
Mais recentemente, rumores de que a B2W possa vender seu braço de comércio de passagens e pacotes turísticos também aumentaram as expectativas positivas no mercado. "É mais um sinal de que a empresa coloca foco em produtos que ela já conhece, o segmento de viagens já é um negócio menos representativo", comenta a analista da Concórdia. Procurada, a B2W não se manifestou sobre a possível venda da B2W Viagens.
Lojas Americanas
Já o efeito do aumento de capital da subsidiária sobre os resultados da controladora Lojas Americanas vem sendo visto de forma neutra. Deve haver aumento na dívida líquida e consequentemente um resultado financeiro que será impactado pela alta do CDI, comentam os analistas. Ainda assim, os profissionais do mercado concentram atenções em aspectos positivos como o desempenho do negócio de varejo físico.
"Como vemos que esse aporte no futuro pode ser positivo para B2W, não muda nossa visão sobre Lojas Americanas ainda que haja elevação da dívida", diz o analista da Ativa.
Para a Brasil Plural, a Lojas Americanas deve continuar mantendo crescimento de vendas nas lojas físicas e diluindo despesas operacionais. "Combinado com o ciclo negativo de caixa da companhia, altos retornos para acionistas devem continuar sendo gerados", conclui o relatório.