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Azul vê um céu limpo depois da tempestade - e do prejuízo bilionário

A companhia aérea cortou R$ 7 bilhões em custos para passar pela pandemia, o que pode torná-la mas eficiente mesmo com as receitas contraídas

Azul: A companhia aérea aposta nos voos regionais e destinos nacionais para recuperar as vendas (NurPhoto / Contributor/Getty Images)

Azul: A companhia aérea aposta nos voos regionais e destinos nacionais para recuperar as vendas (NurPhoto / Contributor/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 25 de agosto de 2020 às 15h35.

Última atualização em 25 de agosto de 2020 às 15h49.

Depois de perder 2,9 bilhões de reais no segundo trimestre, a Azul pode enfim ter boas notícias e voar por um céu mais claro. A aérea deve sair da pandemia com receitas mais baixas do que quando entrou - mas também deve sair mais eficiente, com menos custos e margens menores. "Olhando para frente, a empresa deve ser mais eficiente e com uma estrutura de custos mais econômica", diz um relatório do banco BTG Pactual.

Com queda de 63% no valor das ações desde o início do ano e um prejuízo bilionário no segundo trimestre do ano, a companhia aérea está queimando caixa aos milhões. A queima de caixa diária, que era de 4 milhões de reais, passou para uma estimativa de 3 milhões de reais até o final do ano - para o BTG, essa é uma boa notícia. Com cortes de custo, a empresa conseguiu uma economia de 7 bilhões de reais até 2021, o que deve cobrir a queima de caixa.

De acordo com o relatório, a demanda por voos está retornando mais rapidamente do que o esperado. Entre os destaques positivos, estão as regiões Nordeste e Centro-Oeste. Muitas empresas do setor agropecuário, concentradas nessas regiões, ainda não se adaptaram às reuniões remotas e continuam realizando viagens corporativas.

Outras viagens corporativas e internacionais, normalmente as com margens maiores, continuam com demanda fraca. Ainda há muitas restrições para viagens internacionais e a Azul está operando apenas dois voos para os Estados Unidos por semana - a previsão é chegar a três ou quatro voos semanais até o fim do ano.

Com a volta lenta da demanda, a companhia aérea também está recompondo sua capacidade. Até o final do ano, a oferta de assentos deve ser cerca de 40%. Outro destaque positivo é a divisão de transporte de cargas, que vem crescendo nesse período. 

A empresa está na fase final de negociação com o BNDES, que desenha um socorro para as aéreas. Mas a Azul ainda não decidiu se deve aceitar esse empréstimo ou não e está considerando outras opções de financiamento.

 

 

Aviação regional

A Azul aposta nos voos regionais e destinos nacionais para recuperar as vendas. A aérea acaba de lançar sua nova subsidiária para o mercado de voos regionais: a Azul Conecta. A empresa é fruto da aquisição da TwoFlex, anunciada no início deste ano. Com atuação em 36 destinos no país, a Azul Conecta é composta por 17 aeronaves modelo Cesna Gran Caravan, um turboélice regional monomotor com capacidade para até nove assentos. Dos 17 aviões, três são exclusivamente cargueiros.

“Com essas aeronaves vamos transformar o Brasil mais uma vez. Vamos chegar a 200 destinos. Todo mundo está triste com o que está acontecendo no mundo, mas isso vai acabar. Temos de olhar para frente e ajudar o Brasil a crescer”, disse o presidente da Azul, John Rodgerson, na ocasião de lançamento. 

Mais enxuta e mais regional, a Azul pode ser uma das companhias a se recuperar mais rapidamente na aviação brasileira.

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