Isabelle Argello e Carlos Ikehara Júnior: empresa quer ser vista como tecnológica e evita termos como "réplica", "semi-joia" e "acessório"
Repórter
Publicado em 24 de março de 2025 às 08h01.
Última atualização em 25 de março de 2025 às 10h27.
Largar empresas familiares para começar do zero não é decisão comum — ainda mais para empreender em um mercado tradicional como o de joias. Mas foi exatamente isso que fizeram Isabelle Argello e Carlos Ikehara Júnior. A dupla trocou segurança por risco e, em apenas um ano, transformou a Azul Joias Brasil em um negócio de R$ 6 milhões em faturamento.
A Azul Joias nasceu com a proposta de criar uma pedra exclusiva, parecida com o diamante, mas acessível. A startup começou com vendas pelo WhatsApp, criou uma base fiel de clientes e, em apenas 12 meses, inaugurou sua primeira loja física no Shopping Morumbi, em São Paulo.
“Em um mundo de aparências, onde as pessoas querem se sentir poderosas esteticamente, mas não aceitam mais pagar preços abusivos, criamos uma pedra que entrega tudo isso com custo justo”, afirma Argello. “A Azul é uma joalheria tecnológica. Não é semi-joia, não é acessório. É um novo jeito de consumir luxo.”
Isabelle, engenheira civil formada aos 22 anos, era sócia do pai em uma empresa milionária de construção e terraplenagem. Decidiu sair da sociedade aos 26 para empreender no próprio negócio. “Herdei da minha avó paterna a paixão por joias e do meu pai a inteligência financeira”, diz.
Carlos também seguiu um caminho semelhante. Cresceu na gestão da empresa da família, mas decidiu deixar tudo para apostar na Azul. “Sair da empresa familiar não foi fácil, mas vi aqui uma oportunidade única de criar algo grande”, afirma.
O encontro entre os dois aconteceu quando Isabelle procurava um sócio com visão de negócio e operação. Carlos, com experiência em gestão e estratégia, entrou para estruturar o modelo da startup.
A ideia era criar uma pedra própria com brilho de diamante, vendida por um centésimo do preço. A produção foi viabilizada em Hong Kong, com patente registrada em vários países. A Azulight, como foi batizada, virou o centro da marca.
A primeira coleção foi lançada em outubro de 2023. As vendas começaram pelo WhatsApp, com atendimento personalizado — vídeos das peças, conversa direta, proximidade com o cliente. A estratégia funcionou. Em poucos dias, começaram a chegar compras repetidas, no mesmo dia.
O maior trunfo da marca é a pedra exclusiva. Mas o posicionamento também fez diferença. A Azul se recusa a usar termos como “réplica”, “semi-joia” ou “acessório”. Fala de tecnologia, inteligência de consumo e transparência de preços.
“Durante muito tempo o diamante foi tratado como investimento. Hoje ele bateu o menor preço do século. A Azulight entrega a mesma sensação por um centésimo do valor”, diz a fundadora.
Com a expansão da base de clientes, vieram as influenciadoras. Nomes como Isabella Santoni, Ana Clara (ex-BBB) e Gabriella Borges ajudaram a impulsionar a marca nas redes sociais. Hoje, são 49 mil seguidores e um plano de crescimento digital forte, com foco em Instagram e TikTok.
Agora, o plano é abrir novas lojas, criar um modelo de revendas com presença em todos os estados e lançar duas coleções por ano.
A marca também já estuda a internacionalização. “Dubai e América Latina estão no nosso radar”, diz Argello. A meta para 2025 é crescer 300% e alcançar R$ 18 milhões em faturamento.