AZUL: ao operar com aviões da Embraer nos primeiros meses, empresa conseguirá, durante parte do mês de setembro, ser a única a operar no aeroporto Santos Dumont, no Rio (NurPhoto / Contributor/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 12 de agosto de 2019 às 18h09.
Última atualização em 12 de agosto de 2019 às 22h45.
Mesmo não tendo conseguido todos os slots da Avianca Brasil, a companhia aérea Azul anunciou que vai começar a operar na ponte aérea Rio-São Paulo, joia da aviação brasileira, a partir do próximo dia 29 de agosto.
O anúncio foi feito em conferência com jornalistas na tarde desta segunda-feira, 12. A Azul recebeu no mês passado 15 dos 41 slots da Avianca Brasil no aeroporto de Congonhas e afirma que, somados aos 26 slots que já possuía, os horários serão "suficientes" para a operação, segundo o presidente John Rodgerson. "Estamos lutando por isso há mais de uma década, então estamos animados para mostrar nosso serviço", disse Rodgerson.
A Azul afirmou que vai começar com 17 voos por dia e um voo a cada 50 minutos rumo ao aeroporto Santos Dumont. A empresa já está vendendo passagens, que custarão a partir de 99 reais (apenas o trecho, não ida e volta) e terão opções entre 6h15 e 21h15.
Com a entrada no trecho Rio-São Paulo, a Azul conseguirá ainda a proeza de ser a única empresa a operar a rota no aeroporto Santos Dumont, no Rio, durante quase todo o mês de setembro. Isso porque a empresa usará, em um primeiro momento, de cinco a seis aeronaves da brasileira Embraer, que são menores e conseguirão pousar na pista auxiliar do aeroporto, contornando assim a reforma na pista principal, que acontece até 21 de setembro.
Por outro lado, aeronaves grandes como as usadas pelas concorrentes Gol e Latam (as únicas na ponte aérea desde a saída da Avianca) não conseguirão usar o Santos Dumont no período por não conseguirem pousar na pista auxiliar.
Fazer a ponte aérea, no entanto, vai exigir alguns sacrifícios. Como a rota exige escala e voos frequentes, a Azul não a operava antes pois considerava não ter slots suficientes. Agora, todos os 15 slots que a Azul recebeu da Anac serão dedicados à ponte-aérea, e a empresa afirma que ainda vai precisar retirar horários de outros destinos, como Porto Alegre. Assim, serão 34 slots usados na ponte aérea no total.
Apesar de já os novos slots terem permitido à Azul alcançar o tão sonhado objetivo de operar na ponte aérea, a empresa ainda quer mais e tem a expectativa de conseguir todos os antigos slots da Avianca na pista principal de Congonhas.
Por decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) comunicada no fim de julho, além da Azul, a MAP Linhas Aéreas, do Amazonas, ficou com 12 slots e a Passaredo, de Ribeirão Preto (SP), com 14.
A Azul, contudo, enviou à Anac um estudo afirmando que MAP e Passaredo não conseguiriam operar com a velocidade necessária na pista principal de Congonhas com as aeronaves que atualmente possuem, que são menores e mais lentas. "A gente acha que o melhor uso do ativo é colocar eles [Passaredo e MAP] na pista auxiliar e deixar mais slots na pista principal", disse Rodgerson. "Até queremos que eles operem, mas queremos que eles operem na pista auxiliar."
Em conferência para apresentar os resultados do segundo trimestre na semana passada, a empresa já havia afirmado que estava esperando “em stand by” as negociações com os órgãos reguladores do governo brasileiro. "Vamos ainda esperar o fim do processo da Anac com MAP e Passaredo, isso vai terminar entre hoje e amanhã", disse Rodgerson.
As empresas deveriam enviar até sexta-feira, 9, documentos à Anac comprovando que conseguiriam operar em Congonhas, mas o prazo foi prorrogado para esta segunda-feira, 12.
A Azul afirma que sua entrada em Congonhas será também boa para o consumidor, aumentando a concorrência, hoje concentrada em Gol e Latam. Algumas rotas, como a própria ponte aérea Rio-São Paulo, chegaram a mais que dobrar de preço neste ano e a oferta de voos no Brasil foi a menor desde 2010.
O presidente da Azul afirma que, no futuro, caso consiga mais slots, espera usar Congonhas para voar para outros destinos. Por ora, contudo, a decisão foi por abrir mão de outras rotas. "Como só recebemos um terço dos slots, vamos fazer o que é melhor para nós, que é voar a ponte aérea", disse Rodgerson.
A entrada na ponte aérea é um dos maiores marcos da história da Azul, criada em 2008 com com especialidade em operar em aeroportos menores e em rotas alternativas às grandes companhias (em 70% de suas 226 rotas a empresa operava sozinha até junho deste ano).
Parte por mérito próprio e parte pela saída da Avianca -- que parou de operar no fim de maio em meio a sua recuperação judicial --, ninguém ganhou tanto em 2019 quanto a Azul. Para além dos novos slots obtidos, a empresa também conseguiu comprar da Avianca 12 aeronaves A320neos, que são maiores e mais econômicas e ajudarão a Azul a dar conta de sua demanda crescente.
Em dezembro do ano passado, a empresa tinha 19% do mercado doméstico, mas fechou junho com 25%. No mesmo período, a fatia de mercado da Gol foi de 38% para 40% do mercado doméstico, e a Latam foi de 31% para 34%.
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