Negócios

Avianca vira alvo cobiçado mesmo com desaceleração econômica

A United Continental Holdings e a Delta Air Lines estão competindo com a chinesa HNA Group por uma chance de comprar participação nas operações


	Aeronave da Avianca: para compradores estrangeiros munidos de dólares, a Avianca oferece uma sólida posição
 (Reprodução/Avianca)

Aeronave da Avianca: para compradores estrangeiros munidos de dólares, a Avianca oferece uma sólida posição (Reprodução/Avianca)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2016 às 09h35.

Nova York/ São Paulo - As companhias aéreas interessadas na Avianca Holdings, baseada no Panamá, e sua unidade brasileira mostram que a América Latina mantém atratividade para empresas estrangeiras, mesmo diante da desaceleração econômica regional, com a derrocada de moedas locais.

Para compradores estrangeiros munidos de dólares, a Avianca oferece uma sólida posição em um continente com apenas um punhado de grandes competidores e bastante potencial inexplorado para lazer e viajantes de negócios, em uma região onde muitos ainda viajam longas distâncias de carro ou ônibus.

A United Continental Holdings e a Delta Air Lines estão competindo com a chinesa HNA Group por uma chance de comprar participação nas operações do empreendedor nascido na Bolívia German Efromovich, que vão de Havana ao Rio de Janeiro, disseram fontes à Reuters na sexta-feira.

Uma série de perdas trimestrais de companhias aéreas da região, incluindo três no ano passado por parte da Avianca, não desmotivaram as empresas aéreas norte-americanas, que estão acumulando recursos por conta dos preços baixos de combustíveis, demanda forte em seu mercado doméstico e crescente receita com bagagem transportada e outros serviços, mas estão ficando sem espaço para crescer dentro dos Estados Unidos.

O dólar forte, que afeta a lucratividade de aéreas na América do Sul, torna as empresas aéreas da região alvos relativamente baratos para rivais estrangeiras que buscam ganhar terreno no continente e procuram se posicionar para uma retomada da economia.

"O mercado vai voltar a crescer", disse o diretor executivo para os EUA da chinesa Hainan Airlines, Joel Chusid, falando enquanto veterano do setor de aviação sem qualquer conhecimento dos planos da controladora HNA.

Ganhando terreno 

A United e a Delta têm mostrado ansiedade por reduzir a diferença perante a American Airlines, cuja fatia de mercado na América Latina é maior que as participações das duas combinadas, segundo dados da Euromonitor.

A American também possui acordo de compartilhamento de voos com a Latam Airlines, maior empresa aérea da região.

"Ao fornecer a rede com maior presença e conectividade entre quaisquer pontos, você se coloca em condição de ser a melhor escolha (para grandes compradores corporativos de passagens aéreas)", disse o consultor de aviação Robert Mann.

Isso pode render frutos conforme as economias latino-americanas voltem a crescer e mais pessoas na região escolham voar em vez de dirigir ou pegar um ônibus, afirmou o analista do setor de viagens Henry Harteveldt.

Os dólares das companhias aéreas norte-americanas ganharam poder de compra, uma vez que as moedas latino-americanas perderam até 40 por cento do valor ante o dólar nos últimos dois anos com o fim do boom global das commodities.

As depreciações acentuadas deixaram as empresas aéreas locais se esforçando para cobrir com receitas domésticas suas dívidas no exterior e leasings de aeronaves denominados em dólares, especialmente com a retração da demanda por viagens na região.

A penosa reestruturação de dívida da brasileira Gol evidencia o desafio. A Delta Air Lines comprou 9,5 por cento da Gol e tem negado reportagens de que elevaria a fatia na empresa se o governo brasileiro permitir o controle de companhias aéreas nacionais por estrangeiras.

A rival Azul tentou por quase três anos lançar ações na bolsa antes de finalmente ter aceitado 450 milhões de dólares do HNA Group em novembro em troca de uma fatia de 23,7 por cento na empresa.

A Azul também recebeu investimento de 100 milhões de dólares da United e assinou acordo de compartilhamento de voos com a empresa aérea norte-americana.

A Avianca Brasil, separada do grupo listado na bolsa do Panamá para não ferir as restrições de capital externo nas companhias aéreas no país, tem sido mais agressiva do que suas concorrentes.

A empresa expandiu sua capacidade em 15 por cento neste ano até abril, enquanto suas rivais têm cortado rotas e devolvido aeronaves.

O presidente da Avianca Brasil, José Efromovich, disse no sábado em Zurique que a empresa está "aberta a oportunidades".

Acompanhe tudo sobre:AviaçãoAviancaAviõesEmpresasSetor de transporteTransportesVeículos

Mais de Negócios

A voz está prestes a virar o novo ‘reconhecimento facial’. Conheça a startup brasileira por trás

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'