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Aversão de millennials ao açúcar estimula mudanças no chocolate

Algumas fabricantes estão se diversificando, como a Hershey, que lançou pipoca e batata frita, e a Mars com participação em empresa de lanches saudáveis

Chocolate: "O açúcar agora é o novo tabaco", disse Eric Bergman, corretor de commodities (Philippe Huguen/AFP/AFP)

Chocolate: "O açúcar agora é o novo tabaco", disse Eric Bergman, corretor de commodities (Philippe Huguen/AFP/AFP)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 13 de junho de 2018 às 11h27.

Da cannabis à quinoa, variedades de cor rubi ou com baixo teor de açúcar: estes não são os chocolates de antigamente.

Diante do enfraquecimento do mercado de doces tradicionais nos países desenvolvidos, porque os consumidores estão trocando itens açucarados por guloseimas mais saudáveis, as empresas de alimentos estão tentando aumentar o apelo do chocolate. Suas táticas incluem novidades como as barras de chocolate da Ritter Sport com cânhamo e maconha (que não deixam ninguém chapado), novos sabores e cores, além de fórmulas com menos açúcar.

Algumas fabricantes de chocolate estão diversificando a oferta. A Hershey, que começou a vender sua clássica barra de chocolate há 120 anos, incursiona por pipoca e batata frita, e a Mars anunciou em novembro que vai comprar uma participação na empresa de lanches saudáveis Kind. Apenas dois meses depois, a Nestlé decidiu vender sua unidade de confeitaria nos EUA devido à queda da receita e ao foco em produtos como café e água.

"O açúcar agora é o novo tabaco", disse Eric Bergman, corretor de commodities da Jenkins Sugar Group. "Os consumidores estão se afastando das marcas tradicionais de chocolates cheios de açúcar e optando por alimentos mais saudáveis. As maiores companhias de chocolate compreenderam essa tendência e estão se transformando em empresas de lanches, em vez de se concentrarem apenas no chocolate."

Embora os preços baixos do cacau tenham ajudado a melhorar a demanda mais recentemente, há um impulso crescente para desestimular o consumo de açúcar, que compõe quase metade de uma barra de chocolate comum. Grupos de defesa estão pedindo que as pessoas reduzam o consumo e governos estão taxando bebidas açucaradas.

Em resposta às preocupações com a saúde, a Nestlé está vendendo no Reino Unido e na Irlanda barras de chocolate Milkybar mais leves, parte de um programa para usar 30 por cento menos açúcar. As barras incluem um tipo de açúcar que se dissolve mais rapidamente na boca, mas produz um sabor semelhante ao anterior.

A Hershey comprou por quase US$ 1 bilhão a Amplify Snack Brands, que também vende barras de proteína, um exemplo de como a indústria está se ramificando para enfrentar a queda na demanda por produtos açucarados. A medida foi tomada em um momento em que a Euromonitor International projeta que o crescimento das vendas de chocolate em 2018 na Europa Ocidental e na América do Norte ficará abaixo dos níveis observados em vários dos últimos anos.

Demanda

Existem alguns pontos positivos para o consumo de chocolate. As vendas de marcas premium, como Lindt & Spruengli, estão em alta, a demanda nos países em desenvolvimento está crescendo e os consumidores estão cada vez mais dispostos a pagar mais por chocolate amargo, que contém mais cacau e menos açúcar, disse Bergman. Os millennials também estão ávidos para experimentar novas variedades, o que estimula a criação de mais sabores e as marcas artesanais.

"As pessoas estão começando a buscar sabores e aromas diferentes", disse Gerry Manley, chefe de cacau da Olam International, em entrevista em Berlim. "Elas estão começando a querer misturar ingredientes. Haverá muito mais chocolate do tipo artesanal."

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