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Atraso em julgamento pode ter induzido fuga de Ghosn do Japão

Ghosn, um dos executivos mais conhecidos do mundo, se tornou o fugitivo mais famoso do Japão depois de revelar que fugiu para o Líbano

Carlos Ghosn: empresário tem cidadania francesa, libanesa e brasileira (Renault e Nissan/Divulgação)

Carlos Ghosn: empresário tem cidadania francesa, libanesa e brasileira (Renault e Nissan/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 2 de janeiro de 2020 às 09h47.

Última atualização em 2 de janeiro de 2020 às 09h49.

Beirute/ Tóquio — Carlos Ghosn decidiu fugir do Japão depois de saber que seu julgamento foi adiado para abril de 2021, e também porque não teve permissão de falar com a esposa, disseram fontes próximas do ex-chefe da Nissan nesta quinta-feira.

Ghosn, um dos executivos mais conhecidos do mundo, se tornou o fugitivo mais famoso do Japão depois de revelar, na terça-feira, que fugiu para o Líbano para escapar do que classificou como um sistema de justiça "fraudulento".

Fontes próximas a Ghosn contaram que, em uma audiência recente, ele soube que um de seus dois julgamentos no Japão foi postergado da data original de 20 de setembro de 2020 para abril de 2021. Não existe data certa para nenhum dos julgamentos, mas se acredita que ao menos um deles começaria em abril de 2020.

"Eles disseram que precisavam de mais um ano inteiro para se prepararem para ele... ele ficou perturbado por não poder ver ou falar com a esposa", disse uma das fontes próximas de Ghosn.

Pelos termos de sua fiança, Ghosn foi proibido de se comunicar com a esposa, Carole, e sujeito a restrições no uso da internet e de outros meios de comunicação enquanto estivesse confinado em sua casa de Tóquio.

Um pedido para ver ou falar com a esposa no Natal foi negado, segundo as fontes.

Estas também disseram que Ghosn ficou irritado com a notícia de que sua filha e seu filho foram interrogados por procuradores japoneses nos Estados Unidos no início de dezembro e que ficou convencido de que as autoridades estavam tentando forçá-lo a fazer uma confissão ao pressionar sua família.

Ninguém estava disponível de imediato para comentar no escritório do advogado de Ghosn, Junichiro Hironaka, na embaixada francesa de Tóquio ou na Procuradoria do Distrito de Tóquio.

Ghosn foi preso pela primeira vez em Tóquio em novembro de 2018 e enfrenta quatro acusações, entre elas ocultar renda e enriquecer através de pagamentos a concessionárias de automóveis do Oriente Médio. Ele nega as acusações.

O empresário, que tem cidadania francesa, libanesa e brasileira, foi retirado sorrateiramente de Tóquio por uma empresa de segurança privada dias atrás, um plano que estava sendo preparado há três meses, como a Reuters noticiou.

A emissora pública japonesa NHK disse nesta quinta-feira que autoridades do Japão permitiram que Ghosn mantivesse um passaporte francês em uma pasta trancada enquanto estivesse sob fiança, o que pode ajudar a explicar como ele conseguiu fugir.

Detidos na Turquia

A Turquia abriu uma investigação e prendeu nesta quinta-feira sete pessoas que estariam envolvidas na passagem de Ghosn por Istambul, durante sua fuga, informou a agência oficial "Anadolu".

Os presos, de nacionalidade turca, estavam sendo interrogados na Diretoria de Segurança de Istambul por supostamente terem ajudado a facilitar a fuga de Ghosn ao Líbano através do aeroporto de carga de Ataturk, em Istambul.

Os suspeitos são quatro pilotos de uma empresa de aviação privada, dois funcionários de uma empresa de serviços terrestres e um diretor de uma empresa de carga privada.

Atualmente, o aeroporto de Ataturk é usado apenas para voos de carga, uma vez que foi fechado ao tráfego aéreo civil no ano passado.

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