Carnes: o uso do aditivo é empregado nos produtos com o objetivo de melhorar o aspecto (Emmanuel Dunand/AFP/AFP)
Agência Brasil
Publicado em 19 de junho de 2017 às 18h57.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 10h39.
A Proteste - Associação de Consumidores encontrou substâncias irregulares em carnes da Friboi, Frialto e Montana e nas mortadelas Cerrati e Confiança.
Os resultados foram divulgados hoje (19) pela entidade. Entre as substâncias estão aditivos para conservação e outras que indicam deterioração dos produtos.
A Proteste constatou a presença de nitrato em cortes de contrafilé Friboi JBS e nas picanhas Frialto e Montana.
Segundo a entidade, esse aditivo é empregado nos produtos cárneos com o objetivo de melhorar o aspecto e prevenir o crescimento microbiológico, além de atuar como um antioxidante, ou seja, atua aumentando o tempo de conservação desses produtos.
O uso dessa substância, no entanto é restrito a carnes processadas e embutidas - e, ainda assim, dentro de um certo limite, já que acima dele, cogita-se que o nitrato dê origem a componentes tóxicos e até cancerígenos.
Apesar de a quantidade estar dentro do limite seguro para consumo humano, "nas carnes frescas e congeladas, como é o caso das citadas, sua utilização é proibida", diz nota da associação.
Segundo a Proteste, esse aditivo pode estar sendo usado pelas empresas para encobrir falhas no processamento do alimento ou alteração na qualidade do produto.
Nas mortadelas foi constada a presença de peróxidos acima do esperado.
"Como são os primeiros compostos que se formam quando uma gordura se deteriora, esse resultado demonstra que os produtos não estavam bem conservados e apresentavam algum tipo de deterioração, estando, por exemplo, rançosas", diz a Proteste.
A associação enviará os resultados ao Ministério da Agricultura requerendo aumento da fiscalização, bem como a retirada do mercado das amostras que contém peróxidos e nitrato.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também receberá cópia desses resultados.
As amostras analisadas tiveram a validade expirada até no máximo 2 de maio. Mesmo assim, a Proteste orienta os consumidores que tenham os lotes analisados em casa a procurarem os serviços de Atendimento ao Consumidor das empresas e exigirem a substituição.
Em nota, a Friboi diz que suas carnes in natura são comercializadas livres de quaisquer conservantes e que não utiliza nitrato em nenhum momento do processo.
"A marca coloca-se à disposição para enviar a lista oficial de compras da unidade citada, bem como de todas as outras plantas que fabricam produtos in natura, e, assim, comprovar que a substância não é adquirida por essas plantas", diz.
A empresa criticou o estudo e disse que a Proteste "não informou o laboratório que realizou a análise e o laudo apresentado não atende ao padrão estabelecido pela norma técnica da ABNT ISO/IEC 17025/2005 para emissão de resultados".
Em nota enviada a EXAME.com, a Ceratti diz que respeita todas as normas brasileiras e internacionais de produção e comercialização, dando prioridade sempre a matérias-primas de alta qualidade e que desconhece as condições de realização dos testes, bem como da seleção das amostras. A empresa afirma também que entrou em contato com a instituição e aguarda esclarecimentos sobre a análise.
A Agência Brasil não conseguiu entrar em contato com a Montana e nem com a Confiança e aguarda resposta da Frialto.
Os resultados fazem parte da segunda fase do estudo com carnes bovinas, embutidos e cortes de frango.
O objetivo é avaliar se os produtos comercializados em diversos estabelecimentos também apresentavam as inconformidades citadas pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca.
A Operação Carne Fraca foi deflagrada em março deste ano pela Polícia Federal. A principal denúncia referia-se a comercialização de carne adulterada no mercado interno e externo.