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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
Lisboa - A assembleia de acionistas da Portugal Telecom (PT) abriu formalmente a sessão que analisa hoje a venda da brasileira Vivo à Telefónica por 7,150 bilhões de euros.
Os títulos da PT tinham registrado uma forte alta logo após abertura da Bolsa de Lisboa, que chegou a superar os 8%, diante da expectativa de os acionistas aceitarem a oferta da empresa espanhola, que aumentou sua oferta de 6,5 bilhões de euros poucas horas antes do início da assembleia.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de Portugal decidiu que a cotação em bolsa da PT ficasse suspensa desde o início da assembleia, que começou com quase uma hora de atraso, às 11h no horário local (7h em Brasília).
Com a presença de acionistas inferior a previsão, ganha força o "núcleo duro" português da companhia, que controla diretamente um quarto dos títulos e tinha se mostrado contrário à venda da Vivo na oferta anterior da Telefónica, de 6,5 bilhões de euros.
A Presidência da assembleia não se pronunciou ainda sobre a possibilidade de que os títulos da PT pertencentes à Telefónica (10%) sejam privados de voto por conflito de interesses, o que reduziria ainda mais o percentual de ações necessárias para decidir a operação.
Os acionistas do antigo monopólio luso das comunicações decidem se vendem à empresa espanhola 30% que tem na brasileira Vivo através da Brasilcel, uma sociedade que controla junta com a Telefónica.
Ao entrar na reunião, o presidente da PT, Zeinal Bava, que criticou a oferta da Telefónica, disse aos jornalistas que hoje é o dia em que acionistas devem falar.
Bava havia considerado insuficiente a oferta anterior da Telefónica pela Vivo e demonstrou sua contrariedade à venda, da mesma forma que os principais acionistas portugueses da companhia pelo valor "estratégico" que a empresa brasileira tem para PT. Mas nenhum se pronunciou sobre a elevação da oferta da operadora espanhola, que foi divulgada no início da madrugada.
Telefónica elevou pela segunda vez a oferta pela Vivo, que em 1º de junho aumentou para 6,5 bilhões de euros após um primeiro aporte de 5,7 bilhões de euros anunciado três semanas antes.
Segunda-feira a empresa espanhola sofreu um revés quando a CMVM colocou em dúvida a venda efetiva de 8% das ações da PT em poder da Telefónica e considerou que deviam ter direitos de voto.
Telefónica se desfez em 23 de junho dos títulos e ficou com 2,02% da PT, o que o mercado considerou uma tentativa de evitar que as ações fossem excluídas da votação de hoje por conflito de interesses.
Mas a decisão do regulador pode permitir o bloqueio dos direitos de voto desses títulos, agora em poder do banco suíço UBS (5,84%) e da gerente americana TPG-Axon Capital (4,24%).
Os principais acionistas portugueses da companhia são o grupo financeiro Espírito Santo (7,99%), o banco estatal Caixa Geral (7,3%), Ongoing (6,74%), Visabeira (2,01%) e Controlinveste (2,28%).
Entre os acionistas estrangeiros, além dos compradores dos títulos da Telefónica, destacam o fundo americano Brandes Investment Partners (7,89 %) e o grupo britânico Barclays (2%).
O Governo português, que tem ações especiais com direitos de veto na PT, não revelou se os usará para evitar a venda da Vivo, mas anunciou que a Caixa Geral votará com suas ações ordinárias contra da operação.