Agência do Bradesco: banco já investiu 6 milhões de reais por meio do seu programa de inovação aberta (Omar Paixão/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 26 de abril de 2018 às 14h56.
Última atualização em 26 de abril de 2018 às 15h42.
São Paulo - Com a queda da taxa básica de juros, a Selic, de 13,75% para 6,5% em pouco mais de um ano, consumidores esperavam que taxas de juros bancários também caíssem na mesma proporção.
Porém, eles ainda demoram a sentir esses cortes e as dívidas mais caras dos consumidores continuam com juros altos. A taxa de juros do rotativo de cartão de crédito chegou a 334,6% ao ano e a do cheque especial em 323% ao ano.
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse em teleconferência com jornalistas que "é natural a ansiedade de querer ver os spreads reduzirem", mas que "a Selic não é em si o que determina os spreads", mas sim a taxa média dos últimos 12 meses.
Spread é a diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo para uma pessoa física ou jurídica.
No Bradesco, houve redução nos spreads médios nas operações com pessoas físicas, por conta do foco do banco em expandir linhas de crédito como imobiliário, consignado ou de veículos, nos quais as taxas de juros são mais baixas e as garantias para o banco são maiores.
"Mas o que afronta é o cheque especial e cartão de crédito, que são empréstimos mais arriscados e sem garantia", diz ele. Esses juros devem cair com o tempo, também por conta da competição entre os bancos para captar clientes, mas não é uma redução que pode ser feita rapidamente, afirma.
Essas modalidades devem continuar existindo, diz o presidente. "A utilização do cheque especial é uma prerrogativa do cliente. Nada melhor do que as pessoas terem livre arbítrio, de tomar ou não na hora que querem". Quando o cliente para mais de 30 dias no cheque especial, no entanto, o banco entra em contato para oferecer modalidades mais baratas. "Os instrumentos estão colocados na mesa e usados respeitando a individualidade e o desejo do cliente", afirma.
A carteira de crédito expandida do banco reduziu 3,2% no trimestre em relação ao ano anterior.
A queda vem principalmente do crédito voltado a grandes empresas, que compõe 45% da carteira do banco e que encolheu 7,5%. De acordo com Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado do Bradesco, as empresas ainda estão tímidas ao retomar o crescimento e, portanto, os empréstimos. “Vemos uma retomada, mas que só deve acontecer mais perto do fim do ano”, disse ele.
Por outro lado, o crédito voltado a pessoas físicas e a pequenas e médias empresas voltou a subir. Para pessoas físicas, a carteira aumentou 3,5%, com destaque para as linhas de crédito consignado, financiamento de veículos e imobiliário.
A oferta voltada a pequenas e médias empresas estava mais restrita durante os anos de crise, principalmente por ser um empréstimo mais arriscado para os bancos. Agora, as PMEs são as primeiras a retomar investimentos e, consequentemente, o crédito. A carteira voltada a esse público ainda encolheu 4,7% em relação ao ano passado, mas está se estabilizando, diz o banco.
"Temos apetite para expandir nossas carteiras de crédito e o crescimento está vindo das operações massificadas", disse Lazari.
Não apenas as pessoas estão tomando mais empréstimos, mas também estão mais assíduas no pagamento de suas dívidas. A inadimplência total acima de 90 dias caiu de 5,6% para 4,39% em um ano.
A inadimplência de pessoas físicas foi de 6,7% para 5,07% e a de micro, pequenas e médias empresas caiu de 8,3% para 6,12%. Por outro lado, o não pagamento das grandes companhias continua mais alto do que antes da crise. O índice está em 2%, enquanto em 2015 era de 0,5%.
Por conta da melhora na inadimplência, as despesas com empréstimos também caíram: as provisões para devedores duvidosos reduziram 26,3% no ano. Essa melhora ajudou o banco a melhorar seu lucro, que cresceu 9,8% no trimestre em relação ao ano anterior e atingiu 5,1 bilhões de reais.