São Paulo – Em 2008, diante de uma renomada plateia de grandes
empresários e políticos embevecida por um ano de faturamento recorde e PIB acima de 6%, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril,
Roberto Civita –
falecido na noite deste domingo – pediu licença para, em noite de festa, não comemorar: lembrou, um a um, os itens estruturais que estavam ficando esquecidos na agenda pública por causa do bom momento vivido pelo Brasil. “Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar a oportunidade que esta fase de bonança econômica nos oferece”, disse então. Já durante a premiação de
Melhores e Maiores de EXAME de 2009, deu-se o contrário: diante da míngua dos
investimentos e do momento difícil da economia mundial, Civita sucintamente cravou que, mesmo diante do cenário tenebroso, havia poucos países melhores para se investir que o Brasil naquele momento, “com responsabilidade, é claro”. Nos dois casos, o criador das revistas VEJA e
EXAME acertou. Enquanto os ventos favoráveis da economia motivaram a inanição por urgentes reformas estruturais antes da crise, tampouco a reação de medo do mercado, em 2009, provou-se completamente justificada, dada a posição do país diante do cenário externo. Roberto Civita podia remar contra a maré em momentos de exaltação ou refúgio econômico por apenas um motivo: jamais perdia o foco no longo prazo, como mostram as 20 frases desta galeria. Nelas, estão presentes ainda as defesas intransigentes do
empreendedorismo e da livre iniciativa, da educação, da liberdade de imprensa e da democracia.