Alexandre Birman: Hering seria um passo mais ousado (Arezzo/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 20 de novembro de 2020 às 11h10.
Última atualização em 20 de novembro de 2020 às 12h57.
A Arezzo acaba de anunciar a aquisição da Troc.com.br, startup de compra e venda de peças usadas. Pelo contrato, a Arezzo fica com 75% do capital social da TROC e entra no mercado de segunda mão, "endereçando frentes importantes do seu planejamento estratégico, incluindo as de sustentabilidade, tecnologia, dados, além de oferecer um serviço exclusivo e diferenciado para seus clientes", diz o grupo em fato relevante.
A atual sócia da TROC, Luanna, permanecerá na operação, no mínimo, até 31 de dezembro de 2023, com métricas de performance pré-estabelecidas, e continuará como diretora presidente da TROC. A startup de economia circular recebe peças de vendedores, pessoas físicas, pelo Correio ou por retirada domiciliar agendada. Após a venda da peça, a TROC fica com um percentual desse valor.
Esse é o primeiro negócio do novo fundo de investimentos venture capital do grupo Arezzo&Co, que será responsável pela busca e captação de novas startups em diversos segmentos, com objetivo de ampliar a atuação da companhia em tecnologia e inovação. No desenvolvimento da ZZ Ventures, o grupo Arezzo&Co contará com o apoio da Endeavor, rede global formada por empreendedores e empreendedoras, no mapeamento de startups e outras empresas inovadoras com potencial de crescimento acelerado. A empresa não revelou qual o valor do novo fundo para investimentos.
Ontem o grupo de moda lançou também oficialmente sua plataforma ZZ Mall, marketplace que opera mais de 30 outras marcas de moda e acessórios, além das marcas do grupo Arezzo&Co. O ZZ Mall já havia sido lançado em agosto, mas até então apenas com marcas próprias. Uma vez consumada a operação, a TROC também será conectada à plataforma, e os consumidores poderão realizar a venda de peças usadas, monetizar parte de seus guarda-roupas e utilizar os créditos obtidos com essa venda na compra de produtos novos.
A Arezzo calça os pés das brasileiras há quase 50 anos. Há cerca de um ano, aumentou o apetite para aquisições e ,em outubro do ano passado, passou a ser distribuidora exclusiva de calçados, vestuário e acessórios da marca Vans em todo o território brasileiro.
A marca mais recente no portfólio é a carioca Reserva, num negócio de 715 milhões de reais. No dia, as ações do grupo Arezzo chegaram a subir 16%. De uma marca de calçados premium para um conglomerado de diversas empresas, a Arezzo prepara ofensiva para se tornar a grande referência do mercado de moda no Brasil. Além da aquisição de novas marcas, o grupo está investindo no e-commerce para consolidar sua posição no país.
“Queremos ser o maior grupo de moda do Brasil”, afirmou Alexandre Birman, presidente da Arezzo, em teleconferência com analistas há uma semana, no dia 13 de novembro. Para isso, o grupo tem um longo caminho pela frente. Segundo levantamento da Euromonitor, feito a pedido da EXAME, o setor de moda (incluindo vestuário e calçados) faturou cerca de 140,9 bilhões de reais no ano passado. A Arezzo tinha 1% de participação no período, quando o grupo ainda não atuava nos dois segmentos.
Apesar da pandemia, que obrigou a empresa a fechar lojas, a empresa se mostrou fortalecida. No terceiro trimestre, a Arezzo registrou receita líquida de 416 milhões de reais, queda de 5,5% na comparação anual. No acumulado do ano, houve queda de 20,1%, para 967 milhões de reais. Os analistas Victor Saragiotto e Pedro Pinto, do Credit Suisse, escreveram em relatório que “a pandemia de covid-19 atingiu o segmento de moda, mas encontrou a Arezzo relativamente melhor preparada para navegar em águas turbulentas”. O relatório mostra uma expectativa positiva para a Arezzo, principalmente diante de um “crescimento orgânico” e também “por fusões e aquisições”.