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Área de fundos do BTG perde 25% em patrimônio

Clientes retiraram ou já solicitaram resgate de cerca de R$ 60 bilhões de fundos de investimentos geridos ou administrados pela instituição


	André Esteves, ex-presidente do BTG Pactual: os clientes retiraram ou já solicitaram resgate de cerca de R$ 60 bilhões de fundos
 (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

André Esteves, ex-presidente do BTG Pactual: os clientes retiraram ou já solicitaram resgate de cerca de R$ 60 bilhões de fundos (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2016 às 11h15.

São Paulo - A prisão do banqueiro André Esteves no âmbito da Operação Lava Jato, no fim de novembro do ano passado, levou a uma sangria dos fundos do BTG Pactual e as empresas de gestão de recursos do banco vão terminar o primeiro trimestre deste ano um quarto menores do que eram antes da tormenta.

Os clientes retiraram ou já solicitaram resgate de cerca de R$ 60 bilhões de fundos de investimentos geridos ou administrados pela instituição neste período.

Para se ter uma ideia, os valores representam a totalidade do que está nos fundos de gestoras importantes do mercado como as dos bancos Safra ou Votorantim.

Segundo levantamento feito pela consultoria Quantum Informações Financeiras a pedido do jornal O Estado de S. Paulo, do dia da prisão até o fim de fevereiro, somente da gestão, ou seja, dos fundos que tinham a estratégia de investimentos definida pelo BTG, saíram R$ 40 bilhões.

Além de perder recursos em diferentes fundos, que tiveram seus tamanhos reduzidos, 136 foram transferidos a outras instituições e 82 encerrados. Mais de 17 mil cotistas saíram.

Algumas das perdas foram de clientes importantes como Abilio Diniz, que retirou seu fundo Santa Rita, de R$ 2,3 bilhões, da gestão do BTG. Outra baixa foi o Diplic, um fundo de quase R$ 1 bilhão que pertence à CSN.

As perdas do BTG são um assunto delicado no mercado financeiro e poucos se dispõem a falar abertamente sobre o tema. Nem mesmo o banco quis fazer qualquer comentário. Uma das exceções foi o empresário Cláudio Zarzur, ex-controlador da empresa de papel e celulose Ripasa.

A reportagem tinha a informação de que Zarzur teria retirado algumas dezenas de milhões dos fundos do banco, mas ele nega. Diz que não ficou "apavorado" como outros e exalta o fato de o banco ter pago todo mundo que pediu para sacar.

"Estamos com o banco desde os tempos do Pactual, do Luiz Cesar Fernandes, e não podemos agora virar as costas."

Os fundos do BTG, de fato, pagaram a todos nessa corrida, segundo fontes próximas ao Fundo Garantidor de Crédito, que emprestou R$ 6 bilhões para que o banco tivesse caixa suficiente aos saques diretos.

Quando o cliente de um fundo pede resgate, o gestor precisa vender os ativos para pagar o cotista.

As carteiras dos fundos do BTG tinham títulos públicos, debêntures e notas promissórias de empresas privadas, ações e também Certificados de Depósitos Bancários de diversos bancos, entre eles CDB do próprio BTG. Desta forma, o empréstimo do FGC acabou sendo importante também para esses resgates.

"O que se viu foi uma crise de liquidez, mas não de má aplicação de recursos dos fundos", diz fonte próxima ao FGC.

Segundo fontes próximas às empresas de gestão de recursos do BTG, a estratégia tem sido manter as carteiras dos fundos líquidas, ou seja, em papéis que possam ser sacados rapidamente.

Dados do próprio banco mostram que o patrimônio saiu de R$ 230 bilhões em outubro para R$ 192 bilhões em dezembro. Segundo essas fontes, para o primeiro trimestre, os pedidos de resgate somaram R$ 20 bilhões.

De um mês para cá, muitos dos investidores dos R$ 170 bilhões que ainda estão sob gestão e administração do banco dizem estar mais tranquilos em relação a resultados de investigações. A saída de André Esteves foi vista como uma forma bem sucedida de blindar o banco.

Desde a delação premiada do senador Delcídio Amaral, há certa apreensão. Isso porque foi uma gravação de uma conversa do senador que levou à prisão de Esteves. Até agora não veio a público nada que comprometesse o banco, mas nos últimos meses o nome da instituição foi associada a denúncias na Lava Jato.

Entre os casos que chegaram à Força Tarefa da Procuradoria em Curitiba está por exemplo o da PetroÁfrica, em que o BTG teria pago valor menor que o de avaliação.

Além disso, a Receita Federal considerou suspeita a compra de fazendas de José Carlos Bumlai pela instituição. Outro caso é o da BR Distribuidora, que envolve suposto pagamento de propinas da rede de postos de combustíveis da Aster Petróleo, que tem sociedade com a BTG Alpha Investimentos.

O banco formou um Comitê Especial com firmas de advocacia independentes ( Quinn Emanuel Urquhart & Sulivan e Veirano Advogados) para apurar irregularidades.

Segundo informa em seu balanço, o conselho de administração não impôs qualquer limite à autoridade do comitê que conduz as investigações. A conclusão deve sair em abril. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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