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Área de abastecimento da Petrobras tem prejuízo por custo

Segundo a empresa, resultado negativo aconteceu porque ela não repassou a alta do petróleo para seus derivados

Plataforma da Petrobras: repasses apenas quando os preços se estabilizarem (Mário Rofrigues/VEJA São Paulo)

Plataforma da Petrobras: repasses apenas quando os preços se estabilizarem (Mário Rofrigues/VEJA São Paulo)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2011 às 15h44.

Rio de Janeiro - A área de Abastecimento da Petrobras fechou o primeiro trimestre com prejuízo, diferentemente do forte lucro da companhia como um todo, devido ao aumento do custo do petróleo e ao não repasse dessas elevações na comercialização de alguns derivados.

De acordo com o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, os preços do petróleo tipo Brent registraram alta de 37 por cento no primeiro trimestre, na comparação com igual período do ano anterior.

Isso levou à perda de 95 milhões de reais da divisão de Abastecimento nos três primeiros meses do ano, já que a área adquire o petróleo extraído pela área de Exploração e Produção a preços internacionais.

"Existe volatilidade no custo da matéria-prima e não está sendo repassada para o consumidor", afirmou Barbassa a jornalistas, durante encontro para comentar os resultados da estatal no primeiro trimestre, divulgados na sexta-feira.

"Enquanto a gente não fizer o ajuste (do preço dos derivados) se houver a tendência de estabilidade do preço internacional, ou se houver a manutenção da incerteza, o resultado da área de Abastecimento estará refletindo essa realidade", explicou o executivo.

Barbassa, no entanto, não disse que a estatal gostaria de elevar os preços dos combustíveis de forma imediata.

"Só repassaremos quando houver estabilidade no mercado (de petróleo)", afirmou.

A Petrobras como um todo registrou forte lucro de 10,9 bilhões de reais no período. .

O resultado financeiro foi um dos pontos fortes do período, beneficiado pela queda do dólar frente ao real, que gerou um ganho cambial de 2 bilhões de reais na dívida denominada em dólar da empresa, ou 80 por cento do total do endividamento, segundo Barbassa.

"O câmbio gerou ganho contábil de 2 bilhões de reais, não entrou dinheiro no caixa", esclareceu o diretor.

A questão de um aumento ou não dos combustíveis pela estatal ganhou complexidade nos últimos meses devido à elevação da inflação no Brasil e os esforços do governo em tentar segurar qualquer aumento da pressão de alta em preços.

Barbassa confirmou que no governo existem conversas para utilizar a redução de impostos em uma eventual alta dos preços da Petrobras, como já ocorreu no passado, mas não deu detalhes.

"Isso é uma possibilidade, mas nada de concreto temos sobre isso", informou.

O mercado de petróleo segue bastante volátil, mas poucos acreditam que a commodity retornará aos níveis pré-distúrbios no Oriente Médio e norte da África.

Por volta das 12h30 (horário de Brasília) o petróleo tipo Brent era negociado a 113,30 dólares o barril, em queda de 0,47 por cento. Nos EUA, o petróleo WTI caía 0,6 por cento, para 99 dólares o barril.

Barbassa comentou também sobre o novo plano de investimentos da estatal, cuja aprovação foi adiada na reunião do conselho de administração da última sexta-feira após pedidos de mais detalhes e explicações.

Segundo ele, não há uma data limite para a divulgação do novo plano, para o período 2011-2015.

"Não temos prazo, vamos trabalhar para concluir o mais rapidamente possível o que for necessário para os estudos e submeter ao conselho", disse Barbassa.

O plano indicará quanto a empresa ainda terá que captar no mercado nos próximos cinco anos. Este ano a empresa lançou bônus no valor de 6 bilhões de dólares no primeiro trimestre e fez empréstimos bancários externos no valor de 1,5 a 2 bilhões de dólares, informou.

Ele disse que as taxas bancárias em algum momento são mais atrativas que a emissão de bônus --que no caso da colocação do início do ano teve custo de 5 por cento ao ano--, mas não informou os juros e nem os bancos que realizaram o empréstimo.

"Isso não quer dizer que vamos nos afastar do mercado, estamos sempre olhando as possibilidades e sabemos que a longo prazo vamos precisar de recursos, disse Barbassa.

Pelo plano anterior a empresa previa investir 224 bilhões de dólares de 2010-2014. A expectativa é de que o plano 2011-2015 fique acima desse valor, mas que não dê um grande salto.

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