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Aquisições, nova fábrica e frango: Noronha Pescados quer ir além do peixe para chegar aos R$ 300 mi

Empresa pernambucana quer se tornar uma indústria de alimentos. Uma das apostas para este ano é o frango empanado

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repóter de Negócios

Publicado em 3 de maio de 2024 às 08h22.

Última atualização em 3 de maio de 2024 às 08h51.

A pernambucana Noronha Pescados tem planos ambiciosos para 2024. Operando há 55 anos no processamento e distribuição de peixes frescos e congelados, além de camarões e lagostas, a companhia se sente preparada para navegar num novo tipo de proteína: o frango.

A Noronha Pescados intensificou a diversificação de seu portfólio nos últimos anos. Composto por mais de 1.000 produtos, os empanados de peixe começaram a ser fabricados em 2021. Agora, o empanado de frango deve marcar o início da trajetória da empresa como uma indústria de alimentos.

"Queremos nos tornar uma indústria de alimentos. Esse é o primeiro passo. Vamos variar as fontes de proteína, buscando ofertar ao mercado produtos com maior valor agregado", explica Guilherme Blanke, diretor comercial da Noronha Pescados.

A partir do segundo semestre, a Noronha Pescados vai produzir 200 toneladas por mês de empanado de frango -- com a expectativa de chegar a 3.000 toneladas por mês até 2027. Para isso, a empresa conta com seis fornecedores de frango e espera distribuir o produto em 1.000 pontos de vendas até o fim do ano.

A Noronha Pesados espera crescer 25% e R$ 300 milhões em 2024. Em três anos, a projeção é chegar aos R$ 700 milhões.

Como a Noronha Pescados foi criada

A história da Noronha Pescados começa em 1940, quando o imigrante alemão Wilhelm Blanke aportou em Pernambuco para fugir da Segunda Guerra. Aos poucos, Blanke foi introduzindo o filho, Guilherme, nas expedições em alto mar. O jovem viu naqueles momentos com o pai uma oportunidade de empreender e, aos 18 anos, adquiriu o seu primeiro barco.

Em pouco tempo, o filho já contava com oito as embarcações nas águas nordestinas. No início, Guilherme Blanke ia para o mar com os pescadores, mas em pouco tempo passou a se dedicar ao gerenciamento do negócio em terra firme. Ele mesmo que cortava e entregava os pescados, no pequeno frigorífico montado na garagem de casa, e entregava aos clientes do bairro.

Em 1983, Guilherme decidiu vendeu os barcos e ir para Belém do Pará, onde comprou um caminhão de peixes e dirigiu de volta até o Recife. Ao aportarem na capital pernambucana, os pescados eram processados no pequeno frigorífico e distribuídos. Este foi o passo decisivo para a empresa se tornar uma processadora de pescados, modelo de negócio adotado até agora.

O atual diretor comercial, Guilherme Blanke, é neto de Wilhelm Blanke e faz parte da terceira geração da família na Noronha Pescados, responsável pela diversificação dos produtos. Desde o início dos anos 2000, a empresa trabalha com camarão e lagosta, além de outros crustáceos e moluscos, no portfólio.

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O atual momento da companhia

O plano de se tornar uma indústria de alimentos implica também na ampliação da capacidade de produção. Com investimento de R$ 60 milhões, uma nova fábrica com 20 mil metros quadrados está em construção no Recife com produção de 500 toneladas por mês. "Temos uma fábrica de pescados e outra de empanados. Queremos ampliar as duas produções com a terceira planta", explica.

O aumento da produção e o número de pontos de venda no Brasil andam lado a lado. A expectativa é aumentar o número de pontos de venda de 3.000 para 10.000 em dois anos. "Queremos crescer na região Norte, Centro-Oeste e Sul, onde nossa presença ainda é pequena", diz.

Para isso, a Noronha Pescados aumentou sua equipe comercial e conta com representantes em todo o país para atender tanto distribuidores quanto para aumentar a parceria com restaurantes e lanchonetes.

A empresa familiar também estuda adquirir empresas menores para alavancar a participação em algumas categorias nos próximos anos. "Avaliamos comprar redes locais e indústrias regionais de médio porte", diz.

Os desafios da Noronha Pescados (e do setor)

Salmão, bacalhau, polaca, merluza e tilápia. Dos cinco tipos de peixes mais consumidos no Brasil, quatro não são nacionais. Desde os anos 1990, a Noronha Pescados trabalha com a importação de peixes congelados, que representam metade dos fornecedores da companhia.

A balança comercial brasileira de pescado terminou 2023 com um déficit de US$ 1,1 bilhão, com o Brasil exportando US$ 331 milhões e importando US$ 1,42 bilhão.

Para Blanke, o setor tem dois desafios: "O custo da produção no Brasil é alto. É difícil competir com os preços internacionais. Além disso, o consumo interno ainda é pequeno, o que dificulta o ganho de escala", explica.

O consumo per capita de peixe é baixo no Brasil em comparação com a média mundial. Para reverter esse cenário, o executivo destaca a importância de políticas públicas que vão de incentivo para a produção local ao consumo em escolas, por exemplo.

"Temos que educar a população sobre o consumo de peixes. Temos um litoral enorme, mas um baixo consumo de peixes regionais", diz.

Uma iniciativa recente da companhia foi uma linha de peixes empanados focado no público infantil. A ideia é estimular a criação de consumidores em todas as faixas etárias. "Queremos criar novos hábitos nos consumidores e popularizar o consumo de peixe no Brasil", diz.

Há 55 anos apostando no mercado de pescados brasileiro, a companhia quer ir além, incluir frango (e outras proteínas) no portfólio para conquistar novos mercados e seguir em expansão.

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