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Apple usa Picasso para ensinar equipe a buscar simplicidade

No ano passado, um treinamento da empresa comparou seu processo de criação à série "The Bull", em que o pintor espanhol desconstrói a imagem de um touro. Entenda

EXAME.com (EXAME.com)

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Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 12 de agosto de 2014 às 17h32.

São Paulo - A Apple utilizou, em seus treinamentos internos, uma obra de Pablo Picasso para mostrar aos seus funcionários o quanto a companhia preza pela busca por simplicidade na hora de criar.

Segundo o The New York Times, no ano passado, em uma das aulas da Apple University, o instrutor Randy Nelson (que veio do estúdio de animação Pixar, também fundado por Steve Jobs) comparou o processo de design de produtos da empresa à série "The Bull". Na obra, ao longo de 11 litogravuras, o pintor espanhol desconstrói os detalhes da figura de um touro para dar forma a um desenho estilizado. 

Na primeira imagem, por exemplo, é possível ver os olhos, focinho, cascos e músculos do animal. Ao fim da "transformação", o que sobra são traçados em linhas curvas que formam, ainda que nada realista, um contorno que obviamente é de um boi

O objetivo era, segundo um participante da aula contou ao diário, mostrar que um dos reais valores da Apple é trabalhar quantas vezes for preciso para conseguir transmitir a sua mensagem da forma mais concisa possível.

Nessa mesma linha, em uma classe chamada "o que faz a Apple, Apple", Neslon exibiu para os participantes a imagem de um controle remoto do Google TV, com 78 botões e do da Apple TV, que tem apenas três. 

Conforme um funcionário revelou ao jornal norte-americano, Nelson explicou que o controle remoto da companhia só tinha alguns comandos porque os designers se concentraram em uma ideia e debateram entre si até chegar ao que era realmente necessário: um botão para rodar e pausar o vídeo, um para selecionar o que assistir e outro para voltar ao menu principal. 

A escola de treinamento

A "Apple University", como é chamada a escola de treinamentos da gigante de tecnologia, apesar de bastante famosa, não é conhecida a fundo. 

Isso porque empresa não costuma divulgar o conteúdo de suas atividades e a equipe é orientada a não comentar sobre o que acontece lá dentro. As informações divulgadas pelo The New York Times foram obtidas com a ajuda de três funcionários que participaram de algumas aulas e aceitaram compartilhar a experiência sob a condição de anonimato. 

Segundo revelou o jornal, a Apple University conta com um time de instrutores, escritores e editores que se dedicam em tempo integral a criar e ministrar cursos para o público interno. Alguns desses professores teriam vindo de instituições de ensino renomadas como Yale, Harvard, Universidade da Califórnia, Berkeley, Stanford e M.I.T. 

O programa existe desde 2008 e foi criado para ajudar os funcionários a se inserirem na cultura da empresa e conhecerem mais sobre sua história e trajetória. 

Algumas classes, por exemplo, tratam de decisões importantes que a companhia teve de tomar ao longo dos anos, como por exemplo tornar o software do iTunes e do iPod compatível com o Windows, conforme contou uma das fontes ao Times. Essa ideia, que teria sido odiada por Jobs no começo, posteriormente possibilitou um enorme crescimento da iTunes Store e ajudou a Apple a se expandir ainda mais. 

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