Negócios

Apple sob pressão por condições de trabalho em lançamento

"Nós pedimos que a Apple Inc. cumpra sua responsabilidade corporativa de dar aos trabalhadores um local de trabalho com dignidade e respeito", dizia comunicado


	Apple: o grupo de defesa dos direitos trabalhistas Estudantes e Estudiosos contra o Mau Comportamento (Sacom, na sigla em inglês) acusa a Lens Technology, que produz telas sensíveis ao toque, de forçar o cumprimento de horas extras
 (REUTERS/Mike Segar)

Apple: o grupo de defesa dos direitos trabalhistas Estudantes e Estudiosos contra o Mau Comportamento (Sacom, na sigla em inglês) acusa a Lens Technology, que produz telas sensíveis ao toque, de forçar o cumprimento de horas extras (REUTERS/Mike Segar)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2015 às 17h23.

Um grupo de defesa dos direitos do trabalho marcou o lançamento do último iPhone da Apple nesta sexta-feira com um relatório acusando um dos fornecedores chineses da gigante dos smartphones de explorar trabalhadores nas fábricas.

O grupo de defesa dos direitos trabalhistas Estudantes e Estudiosos contra o Mau Comportamento (Sacom, na sigla em inglês) baseado em Hong Kong, acusa a Lens Technology, que produz telas sensíveis ao toque, de forçar o cumprimento de horas extras, reter salários e pôr a saúde dos trabalhadores em risco após meses de investigação em três de suas fábricas.

A fundadora da empresa, Zhou Qunfei, uma ex-trabalhadora da indústria, tornou-se a mulher mais rica da China após a estreia da Lens Technology na bolsa de Shenzhen, em março.

Enquanto o iPhone 6 era colocado à venda em mercados como Hong Kong, Japão e na China continental nesta sexta-feira, o Sacom pediu à Apple para "aplicar medidas imediatas para corrigir explorações em sua corrente de fornecedores".

"Nós pedimos que a Apple Inc. cumpra sua responsabilidade corporativa... de dar aos trabalhadores um local de trabalho com dignidade e respeito", destacou, em um comunicado.

As alegações envolvem funcionários trabalhando por um mês sem um dia de descanso, salários retidos por semanas e a empresa deixando de pagar o seguro social.

"Poeira, barulho, água poluída e substâncias químicas são problemas comuns na fábrica", completa o comunicado, enquanto a gerência estaria "ignorando se os trabalhadores estão bem protegidos".

O grupo enviou trabalhadores disfarçados para as fábricas e também entrevistou funcionários fora do local de trabalho.

O Sacom entregaria o novo relatório nesta sexta-feira à Apple e à Lens Technology, que está localizada na província chinesa de Hunan (sul).

Ao menos 10 manifestantes se concentraram em frente a uma das maiores lojas da Apple em Hong Kong na manhã desta sexta-feira carregando telefones gigantes com o lema "Throw Away The Bad Apple" ("Jogue fora a maçã podre").

Mas o fornecedor negou qualquer irregularidade, afirmando que horas extras não são obrigatórias, que limita estritamente a duas horas extras por dia e determina que os trabalhadores descansem ao menos um dia por semana.

A Lens Technology negou deixar de pagar o seguro social e afirmou que realiza inspeções regulares no ambiente de trabalho.

"A Lens Tecnhology é uma empresa registrada e sempre cumpriu com as lei e regulações, além de seguir estritamente os padrões definidos por nossos clientes", declarou a companhia em um e-mail enviado à AFP.

A Lens Technology também é fornecedora da Samsung e de outras gigantes da tecnologia. A porta-voz da Sacom, Liang Pui-kwan, afirmou que o grupo não tem somente como alvo a Apple.

"Mas a Apple é a mais rica e maior companhia e tem maior habilidade para fazer a diferença e influenciar a indústria", afirmou.

A Apple não estava imediatamente disponível para comentar o assunto.

Acompanhe tudo sobre:AppleCelularesEmpresasEmpresas americanasempresas-de-tecnologiaiPhoneSmartphonesTecnologia da informaçãoTrabalho escravo

Mais de Negócios

21 franquias baratas que custam menos que um carro popular usado

Startup quer trazer internet mais rápida e barata para empresas

"Tinder do aço": conheça a startup que deve faturar R$ 7 milhões com digitalização do setor

Sears: o que aconteceu com a gigante rede de lojas americana famosa no Brasil nos anos 1980