Empresas fecharam acordo para resolver violações que comprometem a condição de trabalho de 1,2 milhão de operários que montam iPads e iPhones (Voishmel/AFP Photo)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2012 às 10h37.
São Francisco - A Apple e sua principal fabricante terceirizada de aparelhos, a Foxconn, fecharam acordo para resolver violações que comprometem a condição de trabalho de 1,2 milhão de operários que montam iPads e iPhones, em uma decisão histórica que pode mudar a maneira pela qual as companhias ocidentais operam na China.
O Foxconn Technology Group, de Taiwan, cuja subsidiária Hon Hai Precision Industry monta aparelhos da Apple em fábricas na China, contratará dezenas de milhares de novos operários, eliminará as horas extras ilegais, melhorará os protocolos de segurança e melhorará as condições de moradia e o conforto dos trabalhadores.
Isso acontece como resposta a uma das maiores investigações já conduzidas sobre as operações de uma companhia norte-americana fora dos Estados Unidos. A Apple concordou em autorizar um inquérito pela Fair Labor Association (FLA), uma associação independente, a fim de controlar as críticas cada vez mais intensas de que a produção de seus produtos dependia de trabalhadores chineses sujeitos a maus tratos.
A associação, ao revelar suas constatações depois de investigar três fábricas da Foxconn e mais de 35 mil operários, disse ter identificado violações múltiplas das leis trabalhistas, incluindo jornadas de trabalho longas demais e horas extras não remuneradas.
Auret van Heerden, presidente da FLA, antecipa que o acordo entre a Apple, a empresa mundial com maior valor de mercado, e a Foxconn, que fabrica 50 por cento dos bens eletrônicos de consumo mundiais, tenha amplo alcance.
"A Apple e a Foxconn são evidentemente as duas grandes protagonistas do setor", disse ele em entrevista. "Porque estão se unindo para essa mudança, creio que ditarão o padrão para o restante do setor."
As mudanças podem afetar marcas que têm contratos com a companhia taiuanesa, entre as quais a Dell, Hewlett-Packard, Amazon.com, Motorola Mobility, Nokia e Sony.
O acordo sinaliza um avanço no poder dos trabalhadores chineses para obter maiores salários, dada a alta dos preços da China e uma força de trabalho que está envelhecendo, o que gera escassez de mão-de-obra.
Sob o acordo, a Foxconn informou que vai reduzir a jornada de trabalho para 49 horas semanais, incluindo horas extras, mantendo a compensação total para os funcionários nos atuais níveis. A auditoria da FLA descobriu que os funcionários nas três fábricas trabalhavam mais de 60 horas por semana em média durante picos de produção.