Tim Cook já tinha assumido interinamente o cargo de Steve Jobs (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2011 às 17h26.
Los Angeles - A mudança de rumo da Apple, apesar da queda de suas ações, parece estabilizada após a saída de Steve Jobs do comando da empresa e da confirmação de Tim Cook como novo chefe-executivo, cujo maior desafio será a longo prazo, já que a estratégia da companhia já está arquitetada para os próximos anos.
"Quero que tenham a confiança que a Apple não vai mudar", disse Cook nesta quinta-feira em carta enviada aos funcionários da empresa. "Steve construiu uma empresa e uma cultura única no mundo e vamos continuar assim; esse é nosso DNA. Vamos continuar fazendo os melhores produtos do mundo", acrescentou.
Cook, de 50 anos, que até quarta-feira era chefe de operações, liderou a Apple desde que Jobs anunciasse em janeiro que se afastaria por motivos de saúde. Sob esse cargo, era responsável pelas operações e vendas da companhia em nível mundial, incluindo a gestão integral da cadeia de provisão, as atividades de vendas e o serviço e apoio em todos os mercados e países.
Também liderava a divisão da Apple Macintosh e tinha um papel fundamental no desenvolvimento contínuo das relações estratégicas de revenda e provisão.
Quem o conhece, o define como um homem com grande ética de trabalho, amante de Bob Dylan e do exercício físico - tendo o ciclista Lance Armstrong como um de seus heróis -, menos autoritário que Jobs e que, em 1996 foi erroneamente diagnosticado com esclerose múltipla, momento que começou a arrecadar fundos para a pesquisa contra essa doença.
Agora, confiando na estratégia da companhia e no futuro de novos produtos como o iPhone 5, o novo sistema operacional iOS e o iPad 3, deverá manter essa linha de expectativa e bons resultados quanto a inovação e design que Jobs oferecia pontualmente.
Os analistas se perguntam precisamente se Cook será capaz de manter a visão de empresa do antigo CEO e de gerar as ideias como Jobs que o levou a transformar a Apple na empresa que é hoje após multiplicar por 34 o valor da empresa, que passou de US$ 5 bilhões em 2000 para US$ 170 bilhões na atualidade, na frente da Google.
"Steve Jobs é a Apple. A Apple é Steve Jobs. Mas sabíamos que esta situação chegaria em algum momento", disse ao canal "CNN" Leigh Gallagher, diretora geral assistente da revista especializada "Fortune".
As ações da Apple caíam mais de 5% na noite de quarta-feira - cerca de US$ 18 bilhões em valor de mercado - nas operações eletrônicas posteriores no fechamento de Wall Street após anunciarem a saída de Jobs do cargo de CEO, e na manhã desta quinta-feira tinham caído 2,11% a mais.
No entanto, as ações do criador do iPhone acumulam uma alta de 16,62% neste ano e uma alta de 56,79% nos últimos d12 meses. "Eu continua vendo como uma grande oportunidade para comprar, porque as ações não vão cair muito mais", apontou Gallagher.
"De fato, a queda foi muito maior quando Jobs anunciou em janeiro seu afastamento por motivos de saúde. Ele sabia que devia preparar a empresa para este momento, e a Apple está sustentável para os próximos quatro ou cinco anos. A questão é como será depois", questionou a especialista. A empresa possui produtos em desenvolvimento até 2013 e já arquitetou seus projetos até 2015. ,
No entanto, Daniel Ernst, analista econômico de Hudson Square Research, sustentou que a renúncia de Jobs não terá um "impacto imediato" na gigante tecnológica. "Acho que a empresa pisa firmemente em direção à inovação e ao crescimento", explicou Ernst à revista "The Hollywood Reporter".
"As ações podem cair agora, mas a história da Apple não representa apenas um dia concretamente, mas é uma longa história de inovação em produtos, lucro em bolsa e execução operacional", acrescentou.
"Não há ninguém que possa substituir Jobs, mas a Apple é uma empresa forte que transborda inteligência e cujos profissionais são brilhantes", concluiu Gallagher.