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Aposta em Eike força EON a injetar dinheiro na Eneva, ex-MPX

A empresa alemã de serviços públicos enfrenta a perspectiva de ter que bombear mais dinheiro no empreendimento sem a ajuda do ex-bilionário


	Eike Batista: as ações da Eneva registram o pior desempenho entre as produtoras internacionais de energia desde que a EON começou a construir sua participação
 (Jonathan Alcorn/ Bloomberg)

Eike Batista: as ações da Eneva registram o pior desempenho entre as produtoras internacionais de energia desde que a EON começou a construir sua participação (Jonathan Alcorn/ Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2014 às 13h33.

Rio de Janeiro e Dusseldorf - Dois anos após associar-se com Eike Batista e prometer criar a maior companhia de energia não estatal do Brasil, a empresa alemã de serviços públicos EON SE enfrenta a perspectiva de ter que bombear mais dinheiro no empreendimento sem a ajuda do ex-bilionário.

As ações da Eneva SA registram o pior desempenho entre as produtoras internacionais de energia desde que a EON começou a construir sua participação de 37,9 por cento, em abril de 2012.

Embora as vendas tenham se multiplicado quase 30 vezes no ano passado, depois que seis usinas começaram a operar, atrasos no projeto aumentaram os custos e forçaram a companhia com sede no Rio de Janeiro a comprar no mercado à vista em um momento de preços recordes, o que ampliou suas perdas.

Agora, a gestão liderada por Fábio Bicudo, ex-diretor da unidade brasileira de investiment bank do Goldman Sachs Group Inc., está em negociações com os acionistas, incluindo os controladores EON e Batista -- que tem uma participação de 23,9 por cento --, para reforçar as finanças da Eneva.

“Com Eike Batista eles apostaram no cavalo errado”, disse Thomas Hechtfischer, diretor da associação de acionistas Deutsche Schutzvereinigung fuer Wertpapierbesitz, por telefone, de Dusseldorf.

O foco em projetos, em vez de ativos operacionais, expôs o empreendimento a aumentos de custos, disse ele.

Batista, que já foi o oitavo homem mais rico do mundo, vendeu ativos ou participações em seus empreendimentos nos setores de energia, mineração e transporte após descumprir metas e somar dívidas que o forçaram a cancelar projetos.Enquanto as ações em sua unidade logística estão em baixa de 10 por cento desde que a EIG Global Energy Partners LLC assumiu o controle, em outubro, a Eneva despencou 70 por cento no mesmo período.

As raízes da Eneva remontam a 2001, quando houve racionamento de energia no Brasil em meio a uma estiagem que secou os reservatórios. Batista criou uma empresa chamada MPX para construir uma usina termelétrica no Ceará, conforme ele escreveu em seu livro “O X da questão”, de 2011.

Quando a escassez diminuiu, Batista vendeu a planta para a Petrobras, embolsando US$ 50 milhões em lucro, conta no livro.

Sem receitas e com planos para construir oito usinas no Brasil e uma no Chile, a MPX realizou uma oferta pública inicial no final de 2007, tornando-se a segunda companhia de Eike Batista a ser listada em São Paulo. A empresa levantou R$ 2,2 bilhões (US$ 990 milhões).

A EON comprou uma participação inicial de 10 por cento em 2012, por R$ 850 milhões, e estabeleceu planos para uma grande parceria. Batista parecia ser o sócio ideal: sua mãe era alemã e ele fala o idioma, pois passou parte de sua juventude em Dusseldorf, cidade-sede da EON.

Reforço de capital

Embora a Eneva tenha se tornado a maior geradora termelétrica privada do país, ela registrou uma perda recorde de R$ 942,5 milhões no ano passado e sua proporção dívida/valor de mercado é a segunda mais alta, atrás apenas da estatal Centrais Elétricas Brasileiras SA, entre 148 grandes usinas das Américas monitoradas pela Bloomberg.

O empreendimento voltará a ser lucrativo no ano que vem, segundo estimativas de analistas monitoradas pela Bloomberg. O departamento de imprensa da EON derivou as perguntas para a Eneva.

A EBX Group Co., holding de Eike Batista, informou, em uma resposta enviada por e-mail, que não comentaria sobre o desenvolvimento do projeto da Eneva.

A Eneva tinha uma dívida total de R$ 6,2 bilhões no fim do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.

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