Toyota: o dilema da Toyota na Europa foi gerado por uma incompatibilidade de produto, e não por uma crise regulatória (.)
Da Redação
Publicado em 29 de dezembro de 2016 às 18h19.
Última atualização em 29 de dezembro de 2016 às 18h24.
Durante anos a Toyota Motor se concentrou no estímulo aos seus modelos híbridos na Europa, evitando uma concorrência diesel contra diesel com líderes de mercado como a Volkswagen. A estratégia da fabricante de veículos japonesa finalmente está compensando.
No primeiro ano cheio desde que o escândalo das emissões da Volkswagen gerou desordem na gigante alemã, a Toyota caminha para um salto de cerca de 40 por cento nas venda anuais de veículos a gasolina e elétricos na Europa.
Os híbridos deverão responder por mais da metade das vendas da Toyota na região até o fim da década, segundo Karl Schlicht, vice-presidente-executivo da divisão europeia da fabricante de veículos.
O dilema da Toyota na Europa foi gerado por uma incompatibilidade de produto, e não por uma crise regulatória. No início da década, quando a demanda por seu modelo Prius estava subindo em outros mercados, como os EUA, o modelo era pouco atraente para os consumidores da Europa, onde mais da metade das vendas de todo o setor era de veículos a diesel.
Depois que o escândalo da Volkswagen minou esse tipo de transmissão, a decisão estratégica da Toyota de evitar colocar seus modelos em posição diretamente contrária aos veículos a diesel e forçar suas concessionárias a comercializarem carros híbridos agora está rendendo resultados.
“Quando você tem uma estratégia impulsionada pela necessidade e está fazendo a coisa certa para os clientes e para o mundo, essa força é muito poderosa”, disse Schlicht, em entrevista. “Nós meio que tivemos que fazer as coisas assim e isso nos deu foco.”
A Toyota ainda é um ator pequeno na Europa, onde registrou participação de mercado de 4,3 por cento no período de 11 meses até novembro, muito menos que os 24,1 por cento da líder Volkswagen, segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis.
Contudo, a empresa está em posição invejável em relação à Volkswagen e a outros pares dependentes do diesel, como a BMW, a Daimler e a Fiat Chrysler Automobiles, que agora precisam voltar o foco às transmissões eletrificadas.
Eric Felber, porta-voz do grupo Volkswagen, preferiu não comentar sobre a ascensão das vendas de híbridos à custa dos carros a diesel.
As ações da Toyota caíram 8,7 por cento neste ano, contra uma queda de 8,7 por cento da Daimler e ganhos de 2,1 por cento da Volkswagen e de 2,4 por cento da Fiat Chrysler.
Analistas do UBS projetaram, em relatório deste mês, que o diesel irá quase desaparecer até 2025 e será substituído por veículos híbridos ou movidos a bateria.
Atenas, Madri, Cidade do México e Paris prometeram eliminar os veículos a diesel até 2025 em uma tentativa de conter a poluição.
“O carro a diesel está em vias de desaparecer; estamos vendo o início do fim”, disse Alexander Nix, dono de concessionária da Toyota na Alemanha desde 1980, por telefone.
“À medida que virmos mais restrições às emissões, esses carros começarão a ficar caros demais. Nós já estamos observando isso.”