Mônica Hauck, da Sólides: "Perder talentos é parte da rotina das empresas. É um problema e um custo constante enfrentado pelo RH e que é ainda maior entre as PMEs" (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 22 de março de 2023 às 13h49.
Última atualização em 22 de março de 2023 às 14h10.
Em meio à onda de demissões em massa em empresas de tecnologia dentro e fora do Brasil, a empreendedora mineira Mônica Hauck vê no fenômeno o sinal de algo muito mais crítico no dia a dia das empresas: a falta de dados confiáveis para distinguir quem está entregando resultados dentro de uma empresa — e merece ficar a todo custo dentro do negócio — de quem pode estar perdido no cargo que ocupa.
Hauck é uma das fundadoras e também é CEO da Sólides, empresa de tecnologia sediada em Belo Horizonte e dona de um software na nuvem para gestão de recursos humanos (RH) com 24 mil clientes pelo Brasil — a maioria deles de pequeno e médio porte (PMEs).
Entre as tarefas de RH que podem ser feitas pelo software da Sólides estão:
Em fevereiro do ano passado, a Sólides captou R$ 530 milhões numa rodada liderada pelo fundo americano Warburg Pincus.
Foi o maior cheque levantado por um negócio de RH na América Latina.
Boa parte dos recursos foi utilizada na criação de uma ferramenta chamada Radar de Rotatividade, uma inteligência artificial treinada para prever a probabilidade de permanência (ou de saída) de um funcionário.
A previsão vem de informações normalmente compartilhadas com os times de RH dentro das empresas, como avaliações de desempenho periódicas ou pesquisas de clima. A ideia é captar a insatisfação dos bons funcionários antes de eles serem assediados pela concorrência.
"Nós estamos atentos às dores e aos desafios diários do RH. Perder talentos é parte da rotina das empresas. É um problema e um custo constante enfrentado pelo RH e que é ainda maior entre as PMEs. Nós entendemos de gestão de pessoas e queremos transformar este cenário, sendo o braço direito do RH", diz Hauck.
"O radar de rotatividade é um produto único no mercado e reforça o nosso DNA de tecnologia, por meio da otimização de custos e do trabalho mais assertivo da gestão de pessoas".
A inclusão do radar de rotatividade dentro da plataforma de gestão da Sólides é mais um passo na estratégia “all in one” da empresa.
Desde a fundação, em 2010, a liderança da Sólides busca posicionar o negócio como um resolvedor de todo tipo de demanda de recursos humanos em PMEs, onde é normal faltarem recursos ou experiência em lidar com esse tipo de assunto — normalmente delegado à própria liderança empreendedora.
Ao mesmo tempo, a ideia por trás do Radar de Rotatividade é dar eficiência ao RH de empresas que já têm times para cuidar dessas demandas.
"No universo do RH, como em tantos outros, ainda existem acúmulos de funções operacionais e burocráticas. Algumas, inclusive, que tornam o trabalho ou os resultados subjetivos", diz Hauck.
"Entendemos que a inteligência artificial vem para auxiliar na tomada de decisões e aumento da produtividade, trazendo uma melhor experiência para as empresas e clientes. A inteligência artificial não irá acabar com profissões, mas sim, fazer com que elas evoluam e possam entregar mais valor".
Formada em história, pós-graduada em culturas políticas, com MBA em gestão empresarial e formação em inovação e empreendedorismo pela Stanford University, Mônica se tornou nos últimos anos uma das principais vozes brasileiras do empreendedorismo feminino e do mercado de tecnologia e RH nacional.
Ela figura na lista dos ‘CEOS das startups de maior destaque do Brasil’, organizada pelo Distrito e, em 2022, foi eleita ‘Empresária Destaque’ do Prêmio Top of Mind Brasil de RH, considerado o ‘Oscar do RH’.
A Sólides recentemente foi ainda uma das homenageadas pela EY na 25ª edição do Programa Empreendedor do Ano Brasil e figurou no estudo Corrida dos Unicórnios, do Distrito, como uma das startups brasileiras com maior potencial de atingir o valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão.
Em 2015, a empresa quase quebrou. Na ocasião, o negócio dela era um software de gestão para o agronegócio e sofreu o baque da recessão iniciada no ano anterior.
"Eu lembro bem até hoje. Estava no carro, chorando porque precisava demitir pessoas e não tinha nem dinheiro na conta para arcar com os desligamentos. Decidi continuar para construir algo grande. A Sólides como existe hoje nasceu ali, naquele carro", diz Mônica.
Em 2022, após o aporte liderado pelo Warburg Pincus, a Sólides expandiu seu negócio com a compra do Tangerino, um software para automação de processos de departamento pessoal.
Atualmente, os serviços da Sólides são adotados por empresas que, somadas, têm 5 milhões de funcionários.