Negócios

Após aval do BC para dar crédito, Conta Simples capta R$ 200 milhões com fundo americano Base10

Captação é liderada pela Base10 Partners, gestora de investimentos de São Francisco (EUA) que já aportou em gigantes como Nubank e Figma

Lideranças da Conta Simples: foram 18 bilhões de reais de volume de transações processadas (Conta Simples/Divulgação)

Lideranças da Conta Simples: foram 18 bilhões de reais de volume de transações processadas (Conta Simples/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 09h00.

Última atualização em 9 de janeiro de 2024 às 09h43.

O mercado de capital de risco entra em 2024 aquecido no Brasil. Mal começou a segunda semana do ano e já tem um aporte milionário sendo anunciado.

A fintech Conta Simples, uma das pioneiras no mercado de cartões corporativos para pequenas e médias empresas, acaba de receber um aporte de 41,5 milhões de dólares - cerca de 200 milhões de reais - numa rodada Série B.

A captação é liderada pela Base10 Partners, gestora de investimentos de São Francisco, nos Estados Unidos, que já aportou em gigantes como Nubank e Figma. 

Também participaram da rodada os fundos:

  • Valor Capital
  • Jam Fund
  • Y Combinator
  • Big Bets
  • Broadhaven
  • Domo

O dinheiro será usado para lançar novos produtos, aprimorar os times de tecnologia, engenharia e produto, e na estrutura de vendas e comercial para ampliar a base de clientes. 

Há poucos dias, a EXAME noticiou que a fintech recebeu a autorização do Banco Central (Bacen) para operar como uma Sociedade de Crédito Direto (SCD). A Conta Simples havia entrado com o pedido de registro há quase dois anos. A licença permite que a startup construa produtos de crédito dentro de casa, processos para os quais dependia de instituições parceiras.

Como funciona a Conta Simples

A Conta Simples atua no setor de cartões e gestão de despesas corporativas, mas com um foco diferente das concorrentes: a ideia é atender pequenas e médias empresas, com poucos funcionários, mas que também precisam desse tipo de serviço. 

"Nossa solução substitui o reembolso, mas permite bem mais do que isso”, fala o CEO da empresa, Rodrigo Tognini. "Pela Conta Simples, a área financeira consegue fazer a gestão das despesas e, pelos cartões corporativos, viabilizar transações, compras de anúncios e viagens corporativas, por exemplo". 

Criada em 2019, a empresa chegou a 2023 comemorando um marco importante no mundo das startups: atingiu o breakeven, o ponto de equilíbrio entre as despesas e as receitas. Foram 18 bilhões de reais de volume de transações processadas.

No mundo das fintechs, outra conquista: recebeu a licença do Banco Central para operar como uma sociedade de crédito direto (SCD).

"Como SCD, podemos investir cada vez mais em produtos para as empresas, e consolidarmos a plataforma como referência máxima em economia de tempo e dinheiro"” diz a CFO da companhia, Taeli Klaumann. "Além de concessão de crédito, também podemos atuar com outros produtos, tais como financiamentos, direitos creditórios, 'buy now, pay later', evoluir o produto de cartão de crédito e oferecer muitos outros serviços dentro de nossa plataforma".

Como foi a rodada de investimento

A rodada de investimentos aconteceu sem a necessidade de abertura de um processo formal de captação de fundos ou mesmo um pitch deck, e quase dobrou o valor recebido na última rodada (Série A) em 2021, de 121 milhões de reais. 

"Foi uma rodada em que a gente não foi ao mercado captar, já teve interesse de quem investiu em nós na Série A”, afirma Tognini. "Eles acompanharam nosso resultado e queriam fazer uma extensão da Série A, mas com o valor que sugeriram, entendemos que poderia ser uma Série B”.

Quem liderou a captação foi a Base10 Partners, um fundo californiano que já investiu em fintechs como Nubank. "Investimos na Conta Simples desde 2021 e acreditamos no projeto, sabendo que ainda há muitas possibilidades de expansão em 2024, ampliando o escopo de gestão de despesas corporativas e cartões para o Brasil e além", diz TJ Nahigian, cofundador e sócio da gestora.

Nos Estados Unidos, a captação foi assessorada pelo WilmerHale, escritório que fornece representação jurídica global, enquanto no Brasil o FM/Derraik esteve à frente do processo.

Como o dinheiro será usado 

Parte significativa do dinheiro será usada para desenvolver, pelos próximos dois anos, tecnologias e produtos, já que agora receberam a licença para operar com crédito direto. 

A Conta Simples também pretende continuar em um ritmo forte de aumento da sua base de clientes. Em 2023, a multiplicaram em três vezes. Hoje, já são cerca de 30.000 usuários ativos. Para cumprir essa missão, o time será reforçado em 2024, com a expectativa de abertura de mais 100 vagas ao longo do ano.

"Também vamos olhar para um cliente de médio porte, um pouco maior dos que a gente já atua, porque teremos um produto mais parrudo”, diz a CFO Klaumann. "Clientes de 100 até 1.000 funcionários, com operações mais complexas, estão no radar".

A fintech também não descarta a possibilidade de aquisições e fusões mais para frente, considerando alguma expansão de mercado ou de produto. 

Planos de crescimento para uma empresa que vem, pelo menos, dobrando de faturamento a cada ano. E a meta continua: 

"Queremos multiplicar a empresa em duas vezes em receita e volume transacional”, afirma o CEO. "Em 2024, queremos pelo menos dobrar, mas mantendo a sustentabilidade financeira da Conta Simples".

Acompanhe tudo sobre:FintechsVenture capital

Mais de Negócios

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia

"Bar da boiadeira" faz investimento coletivo para abrir novas unidades e faturar R$ 90 milhões