Didi: o caso levou os reguladores chineses a anunciar que iriam intensificar a supervisão de sua indústria de transportes (Germano Lüders/Exame)
Reuters
Publicado em 28 de agosto de 2018 às 15h02.
Xangai - A principal empresa de transporte urbano por aplicativo da China, a Didi Chuxing Technology, disse nesta terça-feira que vai priorizar a segurança em relação ao crescimento como medida de sucesso depois que uma passageira de 20 anos foi assassinada por um motorista do serviço na semana passada.
O caso provocou indignação nas mídias sociais e preocupações com questões de segurança no setor de rápido crescimento na China, levando a Didi a dizer que suspenderia seu serviço Hitch indefinidamente até que o aplicativo apresentasse um mecanismo de segurança aceitável para seus usuários.
"A tragédia nos lembrou que percorremos este caminho sem respeito ou humildade suficientes", disseram em nota o fundador da Didi, Cheng Wei, e o presidente Jean Liu.
"Nós vemos claramente que isso aconteceu porque nossa vaidade ultrapassou nossa ideia original. Corremos sem parar, seguindo a força do capital e da expansão sem respiro, em poucos anos; mas isso não tem sentido em uma vida perdida tão tragicamente."
A empresa disse que agora priorizará a segurança como indicador de desempenho mais importante e orientará a organização e seus recursos para a construção de sistemas de segurança e de atendimento ao cliente.
A Didi fará atualizações em produtos de segurança como o botão SOS e a função de compartilhamento de rota, e planeja trabalhar em estreita colaboração com as agências de segurança da China para, entre outras coisas, criar um sistema que permita que seus passageiros chamem a polícia durante ameaças de perigo, disse.
Fundada em 2012, a Didi, através da rápida expansão e uma série de fusões, tornou-se a maior empresa de compartilhamento de veículos do mundo pelo número de viagens, fazendo 30 milhões de corridas por dia.
O assassinato de uma passageira de 20 anos durante uma viagem com o serviço da Didi na sexta-feira na cidade de Wenzhou, no leste do país, foi o segundo incidente deste tipo desde maio.
O caso desencadeou críticas online generalizadas contra empresa e levou os reguladores chineses a anunciar que iriam intensificar a supervisão de sua indústria de transportes.
A mídia chinesa informou nesta terça-feira que a Didi havia se encontrado com reguladores em pelo menos dez cidades chinesas e em algumas reuniões foi dito que sua licença de operação local poderia ser revogada se o serviço não melhorasse a segurança dos passageiros e demitisse condutores desqualificados. A empresa não comentou o assunto.
A polícia também disse nesta terça-feira que deteve dois homens acusados por usuários de mídia social chinesa de fazer comentários ofensivos sobre a vítima no QQ, serviço de mensagens da Tencent.
Não ficou claro se os dois homens eram motoristas da Didi, mas esses grupos são usados regularmente pelos condutores do serviço para se comunicar enquanto estão na estrada.
"Qualquer motorista registrado na Didi envolvido nisso será permanentemente banido", disse uma porta-voz da Didi à Reuters.
(Por Brenda Goh)