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Após a Lava Jato, OAS se une a chineses para sobreviver

Grupo baiano, em recuperação judicial desde 2015, firmou parcerias com empresas asiáticas interessadas num atalho para o setor de construção

OAS: lógica agora é entrar nas disputas como prestadora de serviços, e não mais como investidora (Aly Song/Reuters)

OAS: lógica agora é entrar nas disputas como prestadora de serviços, e não mais como investidora (Aly Song/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de janeiro de 2018 às 08h32.

São Paulo - Sem dinheiro depois de ser abatida pela Lava Jato, a OAS quer se manter no negócio de construção com ajuda de parceiros chineses.

Para isso, o grupo baiano, em recuperação judicial desde 2015 e sem acesso a financiamentos, firmou parcerias com empresas asiáticas interessadas num atalho para o setor de construção. A ideia é que, na hora de disputar os projetos, os estrangeiros entrem como sócios.

A empreiteira fia-se nesse modelo para engordar a carteira de contratos, algo essencial para garantir sua sobrevivência.

O grupo é hoje uma fração do que era antes da Lava Jato, quando faturava R$ 8 bilhões e tinha 120 mil funcionários.

Fechou 2017 com menos de R$ 2 bilhões em receita e pouco mais de 20 mil empregados, segundo apuração do jornal O Estado de S. Paulo Procurada, a OAS não quis conceder entrevista.

Com as parcerias, a companhia baiana planeja conquistar ao menos R$ 3 bilhões em obras este ano. A meta parece ambiciosa para uma empreiteira cuja imagem foi fortemente arranhada - a OAS está no centro do caso que levou à condenação do ex-presidente Lula.

Mas, segundo fontes, o comando da empresa justifica a estimativa listando conquistas recentes. Depois de passar 2015 sem fechar nenhum contrato, em 2016 a OAS ganhou quatro obras, de R$ 800 milhões.

No ano passado, outras dez concorrências, que somam R$ 1,6 bilhão. Este ano, já conquistou uma obra da Sabesp, empresa de saneamento de São Paulo.

A lógica agora é entrar nas disputas como prestadora de serviços, e não mais como investidora - ou seja, a empresa não quer mais entrar como sócia de empreendimentos, como fez, por exemplo, com o aeroporto de Guarulhos (SP).

Para os chineses, a vantagem é usar a expertise da OAS em obras de infraestrutura e seu conhecimento de mercados específicos, como a América Latina, para vencer licitações. E trazer para essas obras suas empresas de projetos, por exemplo, ou vender seus equipamentos.

No Brasil, a OAS já tem parceria com a XCMG, maior produtora chinesa de máquinas para construção civil, que auxilia na formatação de projetos e concede prazos favoráveis para compra de equipamentos. Procurada, a XCMG não respondeu. A OAS mapeou ainda 30 licitações no Brasil e no exterior em que poderia participar, e firmou memorandos de entendimento com ao menos cinco empresas - a maior parte chinesas - para disputar esses contratos em conjunto.

Invepar

De qualquer forma, a empreiteira baiana está muito distante da estimativa apresentada aos credores no desenho de sua reestruturação.

À época, disse que conseguiria R$ 8 bilhões em obras em 2016 e 2017. A interlocutores, executivos da empresa dizem que o ajuste foi necessário diante do atraso na venda da Invepar, que administra o aeroporto de Guarulhos.

A fatia de 24,4% na empresa de concessões sempre foi o ativo mais valioso que a OAS tinha a oferecer aos credores, que aceitaram ficar com a participação em troca do perdão de parte da dívida de R$ 10 bilhões. Mas a empresa não conseguiu transferir as ações até hoje.

A operação vinha sendo barrada na Justiça. A OAS venceu a disputa e agora busca autorização do governo do Rio para que a venda se concretize - a Invepar também tem a concessão do metrô carioca. Há expectativa de que o aval saia nos próximos meses.

Com isso, a OAS pode ter reforço financeiro. Também ficará livre para negociar outros ativos, como arenas de futebol e uma empresa de saneamento. O acordo com os credores prevê ainda que, em caso de venda da Invepar, a OAS fique com 20% dos recursos.

Nos planos da cúpula, a OAS deixa ainda este ano a recuperação judicial. Se nada atrapalhar, sairá muito menor e com uma dívida de R$ 2 bilhões a quitar. Mas ainda viva no mercado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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