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Após 2 meses, empresas do #NãoDemita reveem demissões e oferecem mentoria

Enquanto companhias começam a estudar desligamentos de funcionários, movimento quer apoiar empreendedores na nova fase da economia

Fila de busca por emprego (Mario Tama/Getty Images)

Fila de busca por emprego (Mario Tama/Getty Images)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 23 de junho de 2020 às 12h44.

Em meados de abril, quando a pandemia do novo coronavírus começava a assustar o país, trazendo morte e desemprego, o movimento Não Demita reuniu 5.000 empresas que se comprometeram a não dispensar os funcionários durante a crise. O compromisso, que tinha um prazo de dois meses, acaba de vencer e agora as companhias signatárias estão revendo a decisão de não demitir, e o movimento busca expandir sua atuação.  

Nos próximos dias, o Não Demita vai lançar uma plataforma para promover mentoria a empreendedores. O movimento está recrutando diretores de grandes empresas que aderiram ao Não Demita para aconselhar os pequenos empresários do grupo. Mais de 60% das companhias que se juntaram ao programa têm menos de 200 funcionários. Em parceria com a Microsoft e a CI&T, haverá sessões para apoiar o pequeno empreendedor neste novo momento da economia. A meta é ajudar as empresas a criar novos modelos de gestão de pessoas, trabalho remoto, comércio online, entre outras ferramentas que, para muitos, são totalmente novas. 

“O grande legado do movimento foi estabelecer uma nova relação entre empregador e seus funcionários. O Não Demita quer virar 'Admita'”, afirma Daniel Castanho, presidente do conselho de administração do grupo Ânima Educação e um dos idealizadores do movimento.

Pelas contas de Castanho, o movimento evitou a demissão de cerca de 2 milhões de trabalhadores. Mas, como a crise está se estendendo, as empresas que aderiram devem voltar a dispensar funcionários. O banco Santander Brasil, por exemplo, pretende fazer uma "reavaliação do nível de produtividade de suas equipes", como "qualquer negócio".

“Se não fosse pelo movimento Não Demita, muitas pessoas teriam sido demitidas bem antes”, diz Castanho. “Agora, esperamos trabalhar de uma nova maneira, com pequenos ecossistemas que se ajudam.”

Futuro diferente

Castanho acredita que a pandemia deixou outro legado, o da colaboração. Para ele, as empresas terão que repensar suas estruturas para sair da crise. “Dessa vez, não vai ser cada um por si ou esperando ajuda somente do governo.”

Para o executivo, o papel governamental inclui facilitar e acelerar o processo de retomada para um futuro mais sustentável.

“Em vez de contarmos com poucas empresas enormes no Brasil, vamos ter muitas empresas de menor porte e startups, todas com bastante expressividade. Estamos entrando na era pós-emprego, com o empreendedor trabalhando por uma causa, com propósito.” 

Além disso, Castanho acredita que principalmente as startups buscarão muito mais do que apenas investimentos. “Os empreendedores têm que comprar competência, que é mais importante do que o recurso em si, principalmente no momento que estamos passando atualmente”. 

Para o idealizador do Não Demita, a pandemia serviu para mostrar que todas as empresas terão que se reinventar de fato, reavaliando o seu core business e quais áreas deixarão de existir dentro da companhia para a entrada de outras totalmente novas.

“As empresas terão que repensar o seu modelo de negócio e o movimento serviu para despertar novas responsabilidades. O Não Demita é um embrião.”

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