Arianna Huffinnton, fundadora do "The Hunfington Post": continuará à frente do conteúdo editorial (Michael Kovac/Getty Images)
Daniela Barbosa
Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 14h13.
São Paulo - Representantes da americana AOL e do jornal digital The Huffington Post se conheceram em novembro do ano passado em uma conferência nos Estados Unidos. De lá para cá, foram pouco mais de dois meses de conversa para que a venda do The HuffPost fosse anunciada. O negócio fechado por 315 milhões de dólares é a maior aquisição da AOL desde 2009, quando foi separada da Times Warner. Do montante, 300 milhões serão pagos em dinheiro e o restante em ações.
Segundo Tim Armstrong , executivo-chefe da AOL, a aquisição é vista como essencial para reverter o declínio de uma década da companhia. A compra do The HuffPost vai permitir a produção de conteúdo próprio pela AOL e não mais a reprodução de noticias enviadas de agências.
De acordo com o americano The New York Times, com a união das duas companhias, o número de visitantes do The HuffPost tem potencial de subir de 25 milhões para 100 milhões no mês. Para a AOL, os milhões de acessos deverão ser transformados em milhões de dólares com a ajuda da publicidade. “Estamos fazendo um investimento arrojado, mas essa é uma situação na qual um mais um será igual a 11”, afirmou Armstrong.
Forte na rede
O controle de todo o conteúdo editorial da AOL será assumido por Arianna Huffington, uma das fundadoras e atual editora-chefe do The HuffPost. A executiva vai comandar o The Huffington Post Media Group, que integrará os conteúdos de ambos os grupos e terá poder de fiscalizar não só o conteúdo nacional da AOL, mas também de outras empresas da companhia.
O The Huffington Post nasceu a partir da iniciativa de empresários liberais, como um blog em 2005. Com investimento de cerca de 1 milhão de dólares, o site, em apenas cinco anos, se transformou em um dos portais de notícias mais acessados nos EUA. No ano passado, registrou seu primeiro lucro. Apesar de não divulgar seus resultados, o portal faturou cerca de 30 milhões de dólares. Neste ano, a companhia estima dobrar a receita.
A fidelização dos leitores e o sucesso nas redes sociais, como Twitter e Facebook, são um dos principais pontos fortes do The HuffPost. Milhares de comentários são gerados mensalmente pelo portal. Devido ao potencial, os sites de notícias da AOL deverão desaparecer, quando o negócio for concluído.
Trajetória irregular
A AOL é conhecida no mercado pelo seu histórico irregular no ramo de fusões e aquisições. No ano passado, a companhia vendeu o ICQ, serviço de mensagens instantâneas, por 187 milhões de dólares - a metade do preço que pagou 12 anos antes pela ferramenta. Em 2008, a empresa comprou por 850 milhões a rede social Bebo e precisou vendê-la por menos de 10 milhões, em 2010.
Em 2010, a AOL começou a mudar o foco dos seus negócios e vem ressaltado a importância do conteúdo editorial para permanecer no mercado da internet. Em 2010, a companhia adquiriu, por 25 milhões de dólares, o blog de notícias de tecnologia TechCrunch. A aposta da empresa é vender espaços publicitários com a ajuda dos conteúdos publicados na web.
"Assim como as pessoas lembram do Google para pesquisas e da Amazon para o comércio, acho que elas vão acabar pensando na AOL para conteúdo", disse Armstrong.
A AOL ganhou destaque na década de 90, oferecendo internet com linha discada e serviços de e-mail. Mas desde o surgimento da banda larga, a empresa obrigou-se a mudar os rumos dos seus negócios.
A fusão com a Time Warner, em 2000, é considerado o pior negócio já fechado pela ao AOL. A companhia comprou o conglomerado de mídia e entretenimento americano por 184 bilhões de dólares. Em 2009, as companhias anunciaram a separação das duas marcas.
No ano passado, a AOL demitiu 2.500 colaboradores. A receita, no último trimestre da companhia, despencou 26% na comparação com o mesmo período de 2009. Já a receita com publicidade caiu 29%no mesmo período.
A compra do The Huffington Post ainda aguarda aprovação governamental para ser concluída.