As obras do Porto do Açu, em São João da Barra: no terminal 1 do empreendimento, cinco berços de atracação são destinados a petroleiros e quatro a navios de minério de ferro (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2013 às 19h51.
Rio de Janeiro - A mineradora Anglo American quer garantias da sócia LLX de que não precisará realizar novos aportes no Porto do Açu diante da ampliação promovida pela empresa de logística do bilionário Eike Batista, afirmou uma fonte com conhecimento direto do assunto.
A empresa anglo-sul-africana teme que a expansão no porto, com a construção, por exemplo, do terminal 2, provoque a necessidade de investimento além do previsto na estrutura marítima comum às atividades portuárias, disse a fonte à Reuters, pedindo anonimato.
O Porto do Açu foi apresentado como projeto essencialmente de minério de ferro, mas tem se voltado cada vez mais para a indústria do petróleo, que, inclusive, deverá iniciar operações antes mesmo do começo dos embarques da Anglo. Nesta semana, por exemplo, o Grupo EBX, de Eike, anunciou parceria com a petrolífera BP para a criação de um polo de distribuição de combustíveis marítimos no Açu.
O projeto do LLX Minas-Rio previa investimentos totais de 2,27 bilhões de reais, a maior parte disso pela Anglo. O acordo estabelecia ainda que os sócios dividiriam igualmente qualquer custo adicional, "garantindo a plena implementação do empreendimento".
Procurada, a Anglo não comentou a informação de que estaria buscando uma revisão no contrato de investimentos com a LLX nem respondeu sobre a possível necessidade de novos aportes com a expansão do porto. Mas disse que "os projetos e investimentos da LLX em petróleo e gás no Porto do Açu não impactam a implantação do terminal de minério de ferro, a cargo da empresa LLX Minas-Rio".
A LLX, por meio de sua assessoria de imprensa, assegurou que a diferença do montante a ser investido para que o terminal também movimente petróleo será aplicado pela LLX Açu, empresa da LLX com a Centennial, a companhia de investimento de Eike.
No terminal 1, onde ficam as instalações do LLX Minas-Rio, cinco dos nove berços de atracação são para petroleiros, enquanto quatro são para navios de minério de ferro.
A preocupação dos executivos da Anglo seria o compartilhamento da infraestrutura das atividades diversas do porto, e a mineradora já estaria se movimentando para chegar a um acordo com a LLX, segundo a fonte.
"Vai ter que aumentar investimento em tudo e não só no terminal 2, nem só no que é para petróleo... E quem vai fazer esses investimentos?", questionou a fonte.
Um especialista em infraestrutura portuária disse que a inclusão de novos berços de atracação nas proximidades da área destinada às operações de minério de ferro pode exigir a construção de um quebra-mar maior do que o esperado.
"Isso é muito caro", disse o especialista, que preferiu não ser identificado, acrescentando que desconhece o acordo entre a Anglo e a LLX, mas que tem conhecimento do projeto do Porto do Açu. "Pode ser um caso semelhante ao de Pecém, que teve de dobrar o quebra-mar porque fez ampliação", lembrou.
O início da operação do Porto do Açu está previsto para o segundo semestre de 2013.
O terminal 1 é uma construção em mar com uma ponte de acesso com três quilômetros de extensão.
O terminal 2 será instalado no entorno de um canal para navegação, que contará com 6,5 quilômetros de extensão, com mais de 13 quilômetros de cais. Nele serão movimentados produtos siderúrgicos, carvão, ferro gusa e granito, além de granéis líquidos e sólidos. Esse terminal também abrigará a unidade de construção naval da OSX, outra empresa controlada por Eike.