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Análise de caixas-pretas de avião será feita na Europa

O acidente com o Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines aconteceu no último domingo e deixou mais de 150 mortos

Etiópia: o pilotou reportou "dificuldades" e solicitou o retorno ao aeroporto após seis minutos de voo (Baz Ratner/Reuters)

Etiópia: o pilotou reportou "dificuldades" e solicitou o retorno ao aeroporto após seis minutos de voo (Baz Ratner/Reuters)

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EFE

Publicado em 13 de março de 2019 às 12h31.

Última atualização em 13 de março de 2019 às 15h05.

As caixas-pretas do Boeing 737 MAX 8 que caiu no domingo na Etiópia serão enviadas à Europa para análise, enquanto a lista de países e companhias aéreas que proibiram voos deste novo modelo da fabricante americana aumentou nesta quarta-feira (13).

O acidente, que matou 157 pessoas de 35 nacionalidades, é o segundo em menos de seis meses envolvendo um Boeing 737 MAX 8. Em circunstâncias semelhantes, um avião do mesmo tipo da empresa indonésia Lion Air caiu na costa da Indonésia, matando 189 pessoas.

Na Etiópia, parentes das vítimas - quenianas, chinesas, americanas, ou canadenses - desse voo de Adis Abeba para Nairóbi foram levados até o local do acidente, em um campo 60 quilômetros ao leste da capital etíope. A aeronave foi pulverizada no impacto, cavando uma impressionante cratera no chão.

Encontradas na segunda-feira, as caixas-pretas serão enviadas "para a Europa", para um país que ainda não foi escolhido, disse à AFP o porta-voz da Ethiopian Airlines, Asrat Begashaw.

A Etiópia não possui o equipamento necessário para ler os aparelhos.

Em entrevista ao canal americano CNN na terça-feira à noite, o CEO da Ethiopian Airlines, Tewolde Gebremariam, argumentou que as semelhanças entre as duas catástrofes aéreas são "significativas", assegurando que os pilotos que estavam no controle da aeronave da Ethiopian Airlines receberam treinamento específico para o 737 MAX 8 após a queda da aeronave da Lion Air.

O acidente da Lion Air chamou a atenção para as sondas de ângulo de ataque (AOA) conectadas ao sistema de estabilização do avião (MCAS). Um mau funcionamento teria levado a uma avaliação equivocada do ângulo da aeronave.

Assim como no caso da Lion Air, a queda do Boeing da Ethiopian Airlines ocorreu logo após a decolagem, com a aeronave sofrendo subidas e descidas irregulares logo após levantar voo.

Sensível

Após as proibições de França, Reino Unido e Alemanha, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) suspendeu todos os voos do MAX 8 e MAX 9 com destino, ou partida, da União Europeia, independentemente da origem dos operadores.

A Ásia foi a primeira a lançar a ofensiva contra este modelo da Boeing, com suspensões, ou proibições, de voos na Austrália, em Singapura e na China, onde 76 dessas aeronaves foram entregues. Índia, Nova Zelândia e Egito emitiram uma proibição de voo.

Várias outras companhias aéreas, incluindo a Ethiopian Airlines, também decidiram não utilizar seus 737 MAX.

Isolados em face da imensa pressão internacional, os Estados Unidos persistem em sua recusa de proibir o voo desses aparelhos. Colocado em serviço há menos de dois anos, o 737 MAX 8 é a versão reprojetada do best-seller 737, e é a força motriz das vendas da Boeing, o carro-chefe da indústria americana.

"Até agora, nossa análise do caso não mostra nenhum problema de desempenho e não fornece nenhuma razão para ordenar a proibição desta aeronave", assegurou a Agência Federal de Aviação americana (FAA, na sigla em inglês), em um comunicado.

O caso é ainda mais sensível nos Estados Unidos, uma vez que os Boeing fazem parte das negociações comerciais entre Washington e Pequim.

Camuflagem

Até agora, a FAA simplesmente solicitou mudanças nos sistemas automatizados, incluindo no MCAS, enquanto muitos legisladores americanos, tanto democratas quanto republicanos, pediram que a autoridade aeronáutica aplique o princípio da precaução.

O Canadá segue alinhado com os Estados Unidos, continuando a pilotar os MAX 8, enquanto a companhia de baixo custo Norwegian Air Shuttle, que tem mantido seus 18 Boeing 737 MAX 8 em terra, afirmou que vai buscar uma indenização da fabricante americana.

A proibição de voo para um avião novo é inédita na história da aviação civil. No entanto, não deve perturbar o tráfego aéreo global.

Atualmente, cerca de 370 aeronaves dessa família voam pelo mundo, enquanto cerca de 19.000 aeronaves de pelo menos 100 passageiros estão em serviço internacionalmente, todos os modelos combinados, de acordo com dados da Airbus.

Tripulações e passageiros nos Estados Unidos também mostraram preocupação, muitos agora se recusando a embarcar nesta aeronave. O sindicato de tripulantes, representando os funcionários da American Airlines, incentivou seus membros a não embarcarem em um 737 MAX 8, se não se sentirem seguros.

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