Juliana Sanches, da Caco Amigurumi: empreendedora planeja vender os bonecos prontos ainda em 2025, mas hoje foca em cursos
Repórter
Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 09h00.
Última atualização em 5 de março de 2025 às 13h17.
Juliana Sanches não planejava ser empresária. Em 2018, sem emprego e enfrentando uma depressão, encontrou no crochê uma forma de aliviar o peso da rotina. O que começou como um refúgio virou um negócio milionário.
Hoje, aos 32 anos, a mineira ensina outras mulheres a faturar com amigurumis – pequenos bonecos de crochê – e quer expandir sua marca para o exterior.
O negócio cresceu rápido. Em 2024, Sanches faturou R$ 5 milhões e já projeta dobrar a receita em 2025. A estratégia para alcançar esse objetivo inclui novos cursos online e a internacionalização da empresa.
"Quando vendi meu primeiro bichinho, percebi que ali havia uma oportunidade. Investi em redes sociais, montei um site e comecei a ensinar outras mulheres a lucrar com amigurumis", conta a empreendedora.
Sanches está no Canadá fazendo intercâmbio para aprender inglês e lançar seus cursos fora do Brasil. “Quero que mais mulheres descubram o poder do artesanato. Se eu consegui sair do fundo do poço com isso, outras também podem”, afirma.
Natural de Minas Gerais, Juliana Sanches passou a infância no interior do Pará. Aos 16 anos, conseguiu uma bolsa de estudos e se mudou para a Bahia, onde se formou em administração. Casou-se jovem e conseguiu o primeiro emprego na área, ganhando um salário mínimo.
Em 2015, decidiu pedir demissão para estudar para um concurso público. Foi aprovada, mas nunca chamada. Sem renda fixa, começou a vender caricaturas, pães e bolos para complementar o orçamento da casa.
A chegada do primeiro filho trouxe um desafio maior: com dificuldades financeiras, a família precisou morar de favor na casa da mãe de Sanches, em uma favela no interior de Goiás.
A situação a levou a um quadro de depressão. “Eu me sentia inútil, presa em casa, sem perspectiva. Meu marido também não ganhava o suficiente para pagar terapia, então eu tive que encontrar um jeito de sair daquela situação sozinha”, relembra.
Em 2017, procurando um presente especial para o filho autista, Sanches descobriu os amigurumis no YouTube. O material era barato e o processo, terapêutico. Ela fez uma raposa de crochê e decidiu tentar vendê-la por R$ 100 em um grupo do Facebook. O custo de produção havia sido de apenas R$ 20.
O resultado foi um estalo: se vendesse mais, poderia transformar aquilo em renda. "Passei a produzir bonequinhos para vender online. Dois anos depois, já estava faturando R$ 3 mil por mês apenas com amigurumis", diz a empreendedora. Mas o grande salto veio quando percebeu que ensinar poderia ser ainda mais lucrativo.
Sanches começou a compartilhar seu trabalho no Instagram. Em pouco tempo, seguidoras passaram a pedir dicas sobre como fazer e vender os bonequinhos. A demanda cresceu tanto que, em 2021, ela lançou seu primeiro curso online no site Caco Amigurumi.
O sucesso foi imediato. Em apenas uma semana, faturou R$ 160 mil. Hoje, os cursos representam a maior parte do faturamento da empresa, com ticket médio de R$ 600. Há também "receitas" para tipos de boneco, que custam entre R$ 20 e R$ 40. Em 2024, o negócio bateu R$ 5 milhões em receita, com mais de 8 mil alunas no Brasil e no exterior.
A venda dos amigurumis físicos ainda não faz parte do modelo de negócios, mas a empreendedora já trabalha para mudar isso. Um projeto de terceirização está em fase de desenvolvimento e deve ser lançado em maio deste ano.
Agora, o foco é crescer ainda mais. A meta de Juliana é dobrar o faturamento e alcançar R$ 10 milhões até o fim de 2025. “O crochê mudou minha vida. Quero levar essa oportunidade para outras mulheres, dentro e fora do Brasil”, afirma.