"O Casino perseguirá sua estratégia voltada para a França e crescimento orgânico internacional, enquanto trabalha para manter sua estrutura financeira", afirmou o presidente Jean-Charles Naouri (Cleber Bonato/EXAME)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 20h04.
Paris - A varejista francesa Casino previu nesta quinta-feira mais crescimento nas vendas e no lucro em 2013, após um salto de 30 por cento no lucro operacional de 2012, quando robusto crescimento na América Latina e Ásia compensou o fraco mercado local.
O Casino, que controla a maior varejista do Brasil, o Grupo Pão de Açúcar, disse que Brasil, Vietnã, Tailândia e Colômbia vão liderar o crescimento, enquanto pretende estabilizar as vendas em queda nos supermercados franceses com corte de preços.
"O Casino perseguirá sua estratégia voltada para a França e crescimento orgânico internacional, enquanto trabalha para manter sua estrutura financeira", afirmou o presidente de Conselho de Administração e presidente-executivo, Jean-Charles Naouri, em comunicado.
O Casino vem se expandindo na Tailândia, Brasil, Vietnã e Colômbia, mercados emergentes de rápido crescimento que agora respondem por 56 por cento das vendas e 66 por cento do lucro, enquanto os gastos dos consumidores estão sob pressão na Europa em decorrência da crise da zona do euro.
O grupo, que compete com Carrefour e as redes não listadas Leclerc, Intermarche e Auchan, afirmou que tem meta de grande expansão em vendas e lucro neste ano.
O grupo estimou também nível de endividamento abaixo de 2 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), ante 1,91 no fim de 2012.
Naouri disse em coletiva de imprensa que por enquanto o Casino não planeja operar em novos mercados emergentes neste ano, e que não descartava "movimentos estratégicos" na Colômbia, que mais uma vez ele descreveu como a plataforma de expansão do Casino na América Latina.
No Brasil, o segundo maior mercado do Casino depois da França, as perspectivas de crescimento são fortes, com a aceleração da expansão do Grupo Pão de Açúcar no varejo de alimentos.
Ao comentar a especulação da imprensa brasileira de que Abilio Diniz, presidente do Conselho do Pão de Açúcar, poderia buscar o mesmo cargo na Brasil Foods, Naouri disse que tal movimento "seria obviamente conflito de interesse", à medida em que a Brasil Foods era o principal fornecedor do Pão de Açúcar.
Embora não haja nada no acordo de acionistas de Diniz com o Casino que o proíba de fazer tal movimento, Naouri disse esperar que "os princípios de ética e governança prevaleçam".
Um porta-voz de Diniz em Paris se recusou a comentar.
Potencial conflito
Diniz e Naouri estão em desacordo nos últimos anos depois que o magnata brasileiro, cuja família fundou o Pão de Açúcar, tentou orquestrar uma fusão com o Carrefour, principal rival do Casino.
Em junho, o Casino assumiu o controle do Pão de Açúcar e Diniz se manteve como presidente do Conselho. Há especulações de que o Casino possa tentar usar esse novo conflito potencial para excluir Diniz para sempre.
O Casino registrou lucro operacional no fechado do ano de 2,002 bilhões de euros (2,68 bilhões de dólares), ante previsão da empresa de ganho de 1,94 bilhão.
O lucro com operações internacionais subiu 64,9 por cento, enquanto na França os ganhos no ano caíram 8,6 por cento.
O resultado foi divulgado um dia depois que o Pão de Açúcar anunciou lucro de 1,156 bilhão de reais para 2012, crescimento de 60,7 por cento sobre 2011