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Ambições financeiras da Amazon chamam a atenção do Fed

Os bancos tradicionais veem a Amazon e outras empresas de tecnologia como ameaças em potencial porque enfrentam menos restrições regulatórias

A Amazon, o Google, que pertence à Alphabet, e outros gigantes da tecnologia acenderam os alertas em Washington devido ao porte e à influência que possuem (Charles Platiau/Reuters)

A Amazon, o Google, que pertence à Alphabet, e outros gigantes da tecnologia acenderam os alertas em Washington devido ao porte e à influência que possuem (Charles Platiau/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 26 de maio de 2018 às 08h00.

Última atualização em 26 de maio de 2018 às 08h00.

Os bancos dos EUA estão de olho nas intenções da Amazon.com e de outros gigantes da tecnologia de entrar no mundo das finanças. O Federal Reserve também.

O vice-presidente do Fed, Randal Quarles, está analisando o possível impacto no setor e expressou preocupação com o modo em que as empresas de tecnologia poderiam prestar serviços financeiros fora do âmbito de supervisão dos reguladores, de acordo com pessoas que conversaram com ele em particular. Quarles ainda não tomou nenhuma medida para intervir e a influência do Fed seria limitada.

O envolvimento do Fed neste debate poderia ser uma boa notícia para os bancos tradicionais, que veem a Amazon e outras empresas de tecnologia como ameaças em potencial porque enfrentam menos restrições regulatórias. As companhias estão invadindo cada vez mais os negócios dos bancos, como ficou evidenciado no recente interesse da Amazon em oferecer um produto semelhante a contas-correntes.

A análise de Quarles ainda está em estágio preliminar e ficou em segundo plano em relação a outras prioridades, como as mudanças nas regras financeiras pós-crise, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as conversas são privadas. Mas representa uma postura mais cautelosa do que a de outros reguladores do governo Trump. Keith Noreika, que dirigiu temporariamente o Office of the Comptroller of the Currency, solicitou no ano passado que as restrições que impedem que empresas dedicadas ao comércio também administrem bancos fossem repensadas.

A Amazon, o Google, que pertence à Alphabet, e outros gigantes da tecnologia acenderam os alertas em Washington devido ao porte e à influência que possuem. O presidente Donald Trump atacou a Amazon e o CEO da companhia, Jeff Bezos, acusando a empresa de sonegar impostos e de roubar o serviço de correio dos EUA. No domingo, Steven Mnuchin, secretário do Tesouro dos EUA, pediu que o Departamento de Justiça analisasse o poder que empresas como o Google têm sobre a economia dos EUA.

Um porta-voz do Fed não quis comentar e um porta-voz da Amazon não respondeu aos pedidos de comentário.

Até agora, a Amazon explorou a oferta de produtos semelhantes a contas-correntes por meio de parcerias com bancos. O Fed tem um alcance limitado em relação a empresas que não pertencem ao setor bancário e normalmente só pode regulá-las por meio de parcerias delas com bancos -- a menos que em algum momento elas sejam designadas como sistemicamente importantes pelo Financial Stability Oversight Council, o conjunto de reguladores que monitora ameaças à economia. Quarles não é um membro votante desse conselho, mas o presidente do Fed, Jerome Powell, é.

"Não me surpreende que outro regulador financeiro federal esteja atento a este assunto e, pelo menos neste caso, esteja questionando aspectos básicos como a segurança e a solidez", disse Brian Peters, diretor executivo da Financial Innovation Now, grupo de pressão que conta com a Amazon entre seus membros. "Damos as boas-vindas a isso. Queremos ser regulamentados em nível federal."

Diante da expansão da Amazon para diversos setores, os bancos tradicionais temem ser afetados. Amazon, Google e Facebook já estão invadindo um território há muito tempo dominado pelos bancos, como pagamentos e a concessão de empréstimos a pequenas empresas.

Acompanhe tudo sobre:AmazonBancosempresas-de-tecnologiaFed – Federal Reserve System

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