Capitão América: na briga contra a Disney, a Amazon bloqueou as pré-encomendas do segundo filme da franquia (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2014 às 16h50.
San Francisco - A Amazon.com está enfrentando a Walt Disney e seus super-heróis em uma tentativa de ganhar um controle maior sobre os preços online.
A Amazon bloqueou as pré-encomendas do filme “Capitão América 2: O soldado invernal”, título da Disney que foi sucesso no verão do Hemisfério Norte, e de outros títulos em formato disco, repetindo uma tática usada em disputas recentes com a editora Hachette e com o estúdio de cinema Warner Bros.
A medida é um sinal de que a Amazon, a maior loja online do mundo, está cada vez mais disposta a impedir o acesso de seus clientes a determinados itens como forma de pressionar seus fornecedores.
Ela também ressalta a extensão da influência da Amazon no mercado de entretenimento doméstico.
Os estúdios dependem da ajuda das vendas de versões em DVD e Blu-ray de seus filmes para obter lucros, pois poucos filmes alcançam lucratividade nos cinemas.
“Eles estão espremendo os estúdios no que diz respeito à precificação dos DVDs, o que é compreensível considerando sua posição de mercado”, disse Michael Pachter, analista da Wedbush Securities que classifica as ações da Amazon com o equivalente a segurar.
“A Disney não pode isolá-los e a Amazon pode isolar a Disney, então eu diria que a Amazon está em vantagem”.
Os confrontos da Amazon com as empresas de mídia se intensificaram nos últimos meses porque a empresa com sede em Seattle, sob pressão dos investidores para reduzir os prejuízos, tem buscado usar seu peso nas negociações.
Embora a disputa com a Warner Bros., da Time Warner, tenha sido resolvida, a briga com a editora francesa Hachette Book Group está se ampliando.
Primeira vez
A Home Media Magazine reportou o desaparecimento da opção de pré-encomenda de alguns DVDs da Disney, o que inclui “Muppets 2: Procurados e Amados” e “Um braço de um milhão de dólares”, na semana passada.
A Amazon removeu as pré-encomendas dos títulos da Warner Bros. entre meados de maio e junho, na primeira vez em que usou essa tática durante as negociações com um estúdio de cinema, disse a Home Media Magazine.
Paul Roeder, porta-voz da Disney, empresa com sede em Burbank, Califórnia, preferiu não comentar. A Amazon não retornou os telefonemas efetuados em busca de comentários.
As vendas de produtos de entretenimento doméstico entregues pela internet agora respondem por mais de um terço do mercado nos EUA, acima dos 4 por cento de 2004, segundo a empresa de pesquisas IHS, porque os clientes passaram a recorrer a sites como as lojas online da Apple e à Amazon.
O mercado de venda de cópias dos filmes é fundamental para a lucratividade dos estúdios, pois eles dividem as vendas de bilheteria com os cinemas.
A Amazon domina o mercado de vendas de livros digitais com uma participação de 60 por cento, segundo a Forrester Research. A loja online também ajudou a criar o mercado de e-books com o lançamento do aparelho Kindle, em 2007.
Na semana passada, a Amazon defendeu sua opção por preços mais baixos para os livros em meio à disputa com a Hachette dizendo, com base em dados reunidos em seu site, que as vendas de títulos sobem quando os preços são reduzidos.
Para cada cópia de um e-book vendida a US$ 14,99, a Amazon venderia 74 por cento mais e-books se colocasse o preço a US$ 9,99, disse a loja.
Uma carta assinada por mais de 900 autores foi publicada no New York Times ontem, exortando os leitores a dizerem ao CEO da Amazon, Jeff Bezos, o que pensam a respeito da divergência em relação aos preços dos livros digitais.
A Amazon, por sua vez, havia pedido na semana passada que os leitores entrassem em contato com o CEO da Hachette, Michael Pietsch.
Resposta de Pietsch
Pietsch respondeu aos indivíduos que escreveram e-mails a ele por meio da campanha da Amazon, reportou ontem o GeekWire.
A disputa começou porque a Amazon está buscando um lucro e uma participação de mercado maiores à custa dos autores, das livrarias e da Hachette, escreveu Pietsch, segundo o site de tecnologia.
Ele pediu que a Amazon recolocasse os livros dos autores da Hachette em níveis normais de disponibilidade, disse o GeekWire.
“Exatamente como os livros de bolso não destruíram a cultura de livros, apesar de serem dez vezes mais baratos, os e-books também não o farão”, disse a Amazon, na semana passada, em uma carta postada em um de seus sites, o readersunited.com.
“Nós nunca desistiremos da nossa luta por preços razoáveis para o e-book”.
A Amazon também se dirigiu diretamente aos autores em uma carta, no mês passado, oferecendo-lhes todos os recursos provenientes da venda de qualquer e-book durante a disputa.