Centro de distribuição da Amazon na França: no país, depósitos estão fechados até 25 de abril em meio a pressão dos sindicatos (Pascal Rossignol/Reuters)
Carolina Ingizza
Publicado em 23 de abril de 2020 às 18h10.
Última atualização em 23 de abril de 2020 às 22h25.
A varejista americana Amazon confirmou que há um surto de coronavírus em um de seus armazéns nos arredores da cidade de Nova York. A companhia confirmou a informação ao site Business Insider depois que um de seus funcionários revelou que 30 empregados contraíram a doença nas instalações da empresa. Em nota, o porta-voz Timothy Carter disse que a Amazon está dando suporte aos indivíduos, que estão se recuperando.
Na quarta-feira, os trabalhadores do um centro de atendimento da empresa disseram ter recebido uma mensagem de texto informando que havia novos casos confirmados de coronavírus. Um dos funcionários disse ao Business Insider que, no local, trabalham cerca de 500 pessoas simultaneamente. “Não há formas de manter uma distância segura quando estamos operando nessa capacidade. E todos os dias eles contratam mais e mais pessoas”, disse o empregado, que preferiu não se identificar ao site americano.
Segundo o Business Insider, a empresa se recusa a fechar o local e os empregados que escolhem não trabalhar para evitar a contaminação ficam em casa sem pagamento. Em breve, nem isso será possível. A Amazon informou que no dia 30 de abril vai encerrar a política de folgas não remuneradas ilimitadas, que foi anunciada em março como resposta à crise causada pela pandemia. O pagamento de 2 dólares extra por hora, devido ao risco, também será suspenso.
Para tentar minimizar as chances de transmissão da doença, a empresa oferece máscaras de proteção e luvas, além de checar a temperatura dos funcionários antes dos turnos começarem. A varejista também anunciou que planeja desenvolver um teste próprio para ajudar no combate à doença.
Os funcionários, no entanto, dizem que a companhia não forneceu máscaras suficientes e que não implementou as checagens regulares de temperatura. Desde terça-feira, mais de 300 empregados participaram de um protesto coletivo, em que deliberadamente faltavam do trabalho alegando doença.
Ao jornal britânico The Guardian, Jaylen Camp, funcionário da empresa em um centro no Michigan, disse que a companhia está priorizando o faturamento e não a segurança dos empregados. “Nós não somos essenciais para eles - eles apenas pensam em nós como números. Não estão protegendo nossa saúde”, afirmou.
A Amazon vem sofrendo outras reclamações sobre a segurança de seus funcionários envolvidos na cadeia logística. Na França, a empresa fechou os centros de distribuição até este sábado, 25, diante de pressão dos sindicatos locais, que alegam baixas condições de segurança e falta de equipamento de proteção para os trabalhadores.