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Alta no preço do ferro pode compensar menor produção da Vale, diz Itaú BBA

A tonelada do ferro custa, atualmente, cerca de 86 dólares; antes do desastre em Brumadinho, estava em torno de 75 dólares

vale (Washington Alves/Reuters)

vale (Washington Alves/Reuters)

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Reuters

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 19h38.

Rio de Janeiro - A alta dos preços globais de minério de ferro, devido ao provável corte de oferta da commodity pela mineradora Vale como desdobramento de desastre em Brumadinho, poderá compensar as perdas financeiras da companhia com a paralisação em várias minas, após o rompimento fatal da barragem em Minas Gerais, segundo cálculos do Itaú BBA.

Os preços do minério de ferro à vista estão atualmente em cerca de 86 dólares por tonelada, acima dos 75 dólares por tonelada na época do colapso da barragem da Vale, devido aos crescentes riscos de fornecimento da mineradora e de outros produtores brasileiros, afirmou o banco em relatório a clientes.

No caso da Vale, a empresa teve de suspender a produção de 51 milhões de toneladas por ano, sendo 13 milhões em Vargem Grande, 8 milhões de Córrego do Feijão, onde houve o desastre, e 30 milhões em Brucutu, ressaltou o relatório -- as suspensões estão associadas a medidas da Vale para desmonte de barragens ou decisões de autoridades suspendendo operações, como no caso de Brucutu.

Segundo análise do Itaú BBA, a estimativa do banco para o preço médio do minério de ferro em 2019 é de 64 dólares/tonelada.

"De acordo com nossas estimativas, um aumento de 4-5 dólares/tonelada nos preços do minério de ferro iria compensar o impacto negativo das atuais perdas de produção de 50 milhões de toneladas por ano", disse o banco, considerando um aumento nos custos da companhia.

"O preço atual à vista de 85 dólares/tonelada, por exemplo, poderia compensar uma paralisação de 85 por cento na produção em Minas Gerais, o que consideraria um cenário extremo e improvável."

Após o desastre, a Vale anunciou que a desmontagem de barragens com alteamento a montante -- com a mesma estrutura daquela que ruiu no mês passado -- paralisaria uma capacidade produtiva de 40 milhões de toneladas ao ano, o que seria parcialmente compensado com a produção em outras unidades.

O rompimento da barragem despejou em 25 de janeiro uma onda de rejeitos de minério de ferro em área administrativa e refeitório da Vale, assim como em mata, rios e comunidades da região. Mais de 300 pessoas foram vitimadas, dentre mortos e desaparecidos.

A tragédia ocorreu pouco mais de três anos após o rompimento da barragem da Samarco, joint venture da Vale com a BHP Billiton, em Mariana (MG), que deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce, até o mar do Espírito Santo.

Perdas com desastre

O banco afirmou, em seu relatório, que multas e indenizações com o mais recente desastre podem ser menores que as do caso Samarco. No entanto, ponderou que há agravantes e que uma clareza maior será possível apenas após a assinatura de um acordo entre a empresa e todas as partes envolvidas.

Segundo o banco, o vazamento de rejeitos da Vale foi até cinco vezes menor do que no caso da Samarco, significando menores indenizações socioeconômicas e ambientais. Também destacou que a compensação por vidas perdidas "é geralmente muito menor do que a compensação social e ambiental".

O Itaú BBA pontuou, no entanto, que podem pesar sobre a Vale o número muito maior de vítimas no rompimento mais recente, a natureza recorrente após o acidente da Samarco e a sensação de que rompimentos adicionais poderiam acontecer.

"Como resultado, a repercussão da mídia foi muito maior e poderia levar a uma abordagem mais rígida do governo quanto a multas/compensações", disse o relatório.

 

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