(Todd Anderson/The New York Times)
Karin Salomão
Publicado em 27 de maio de 2020 às 14h18.
Última atualização em 27 de maio de 2020 às 16h41.
Com o lançamento de um foguete tripulado, o bilionário Elon Musk dá mais um passo em sua jornada espacial. O plano de levar homens ao espaço, e a outros planetas, é um de seus mais ambiciosos, mas o empresário também tem sonhos para mudar a vida na terra. Carros menos poluentes, cidades com menos trânsito e até implantes de chips de inteligência articifial no cérebro humano estão entre os planos do empresário futurista.
Se as condições do tempo permitirem, a SpaceX, empresa de Musk, participará nesta quarta-feira, 27, do lançamento do foguete Falcon 9 com destino à Estação Espacial Internacional. Uma cápsula levará os astronautas americanos Robert Behnken e Douglas Hurley. Será a primeira vez que uma empresa privada levará astronautas ao espaço e é a primeira missão espacial partindo de solo americano desde 2011.
Além da SpaceX, outras companhias também costuram acordos com a Nasa, agência espacial americana, como a Blue Origin, de Jeff Bezos, da Amazon; e a Virgin Galactic, de Richard Branson, da Virgin.
Veja abaixo outros planos, do espaço ao subterrâneo, de Elon Musk.
A missão de hoje tem como objetivo levar os astronautas à Estação Espacial Internacional, mas os planos para o foguete Falcon 9 são mais amplos: levar turistas ao espaço. A excursão, prevista para o segundo semestre de 2020, acontecerá em parceria com a companhia de turismo Space Adventures e os turistas espaciais irão orbitar o planeta Terra a bordo da espaçonave Dragon. Embora não existam detalhes sobre a preparação dos viajantes – ou até mesmo sobre as especificações da viagem, a SpaceX acredita estar preparada para a operação.
Além da Estação Espacial Internacional, a SpaceX pode ser usada para ir mais longe: Marte. Um dos planos de Musk é colonizar o planeta vermelho, como plano B para a vida na Terra. A meta é enviar 1 milhão de pessoas a Marte até 2050 e todo esse processo levaria apenas 20 anos após a primeira leva de pessoas fazer esse trajeto. O empresário sul-africano afirmou que seriam necessárias mil naves Starship – produzidas pela SpaceX– para levar o material e as pessoas necessárias com o intuito de construir uma cidade sustentável no planeta vizinho. Cada viagem deve custar cerca de 2 milhões de dólares.
Embora a missão de hoje seja a primeira tripulada da SpaceX, o foguete Falcon 9 já levou diversos satélites ao espaço. Em novembro do ano passado, um foguete levou uma cápsula com 60 satélites Starlink para oferecer internet. Musk espera ganhar entre 3 e 5% do mercado mundial de internet, uma parte avaliada em 30 bilhões de dólares por ano, 10 vezes mais do que ganha com seus foguetes.
Embora carros movidos a energia elétrica sejam mais sustentáveis para o meio ambiente, ainda são caros. E, até o surgimento da Tesla, em 2003, pouco desejados. A Tesla começou criando carros esportivos elétricos de luxo, atraindo consumidores pelo design e potência e cujas vendas deveriam financiar o desenvolvimento dos modelos mais baratos. O primeiro modelo foi lançado em 2008 e o Model 3, mais acessível, começou a ser distribuído em 2017.
Os carros elétricos incentivaram o desenvolvimento de outros automóveis. Em 2017, a Tesla revelou um protótipo de caminhão elétrico de grande porte, que pode ter direção autônoma, colocando a empresa em um novo mercado, mesmo tendo que enfrentar obstáculos para lançar um modelo de automóvel sedã acessível e para cumprir com os prazos de produção. Em abril, a empresa afirmou que a produção foi adiada para até 2021, atrasando os planos em mais de dois anos.
Recentemente lançou o Cybertruck, uma picape elétrica que recebeu centenas de milhares de pedidos, mesmo depois que o lançamento foi um fiasco com a quebra dos vidros supostamente inquebráveis.
A outra empresa de Musk atua em um segmento menos emocionante que carros elétricos ou viagens espaciais. Por isso, a empresa de transporte subterrâneo é chamada de The Boring Company, a companhia chata. Ela foi criada por Musk para construir túneis de transporte subterrâneo para o sistema conhecido como ”hyperloop”, que ele diz que será muito mais rápido que os trens de alta velocidade atuais e usará um método de propulsão eletromagnético. A empresa foi lançada na China no ano passado e, segundo o presidente da Hyperloop TT, uma das empresas que está desenvolvendo o projeto, pode chegar ao Brasil em 2025.
O presidente da Tesla é também o criador do Neuralink, projeto que visa implantar Inteligência Artificial (IA) em cérebros humanos. A empresa foi fundada em 2016 inicialmente voltada para o tratamento de traumas e danos ao cérebro. Entre as possibilidades está a restauração de visão, audição e movimento. Em uma entrevista no início de maio, Musk diz que acredita que os chips possam começar a ser aplicados em menos de um ano. Os planos para o futuro, no entanto, parecem saídos de um livro de ficção científica. Ele acredita que, com esses chips, em até 10 anos os seres humanos não vão mais usar palavras para se comunicarem.