Alelo: "Ao resgatar pontos para comprar uma viagem, por exemplo, a pessoa acaba comprando uma experiência", disse o presidente da Alelo (Facebook/Alelo/Divulgação)
Reuters
Publicado em 15 de setembro de 2017 às 16h39.
São Paulo - A administradora de programas de fidelidade Livelo e a gestora de cartões de benefícios Alelo, começam a oferecer a empresas nos próximos dias a possibilidade dos funcionários trocarem bônus de performance e outras premiações por pontos resgatáveis em produtos.
A iniciativa, que está no final de um piloto, é a primeira ofensiva da Livelo, que tem entre as rivais a Smiles, da companhia aérea Gol; e a Multiplus, da Latam; para o público corporativo, já que até agora o programa de fidelidade é vendido unicamente para pessoas.
O argumento de executivos das empresas da Elopar, holding controlada por Banco do Brasil e Bradesco, é de que o produto dá uma percepção distinta de valor a quem recebe a premiação.
"Ao resgatar pontos para comprar uma viagem, por exemplo, a pessoa acaba comprando uma experiência, que pode criar um vínculo emocional com a empresa", disse à Reuters o presidente da Alelo, Raul Moreira.
Para as empresas, além do recurso da rastreabilidade dos dados das despesas pagas por meio do programa, há também a vantagem de ter maior proteção jurídica contra eventuais despesas de processos trabalhistas, disse o presidente da Livelo, Alexandre Rappaport.
Isso porque frequentemente decisões judiciais sobre processos trabalhistas incluem valores como bônus e outras premiações como parte da remuneração dos empregados, o que multiplica valores eventualmente pagos em indenizações.
"Com os pontos de um programa de fidelidade a empresa fica mais protegida", disse Rappaport, frisando que a reforma trabalhista recentemente aprovada e que entra em vigor em novembro deixa mais clara a diferença entre salários e premiações e benefícios.
Segundo Moreira, devido ao receio com esse aspecto jurídico, a maioria das empresas evita fazer programas de recompensas monetárias a funcionários, preferindo premiá-los com objetos e outros itens que podem não agradar quem os recebe.
"Com pontos, o funcionário tem maior liberdade para decidir como vai usar a premiação", sustenta Moreira.
Segundo Rappaport, a ideia não é substituir bônus como participação nos lucros (PLR), mas outros prêmios temáticos, como para reconhecer funcionários com determinado tempo na empresa ou que atingirem determinadas metas.
A estratégia para o segmento corporativo acontece num momento em que a economia ainda fraca afeta tanto o mercado de programas de fidelidade, dado o volume mais baixo de compras com cartões de crédito, quanto o segmento de benefícios a empregados, dado que o país ainda tem cerca de 13 milhões de desempregados. Acontece ainda em um momento em que a Livelo passou a buscar clientes fora do público original formado por correntistas do Bradesco e do BB.
Sem dar detalhes, Moreira e Rappaport disseram que ambas as empresas têm elevado o faturamento neste ano, apesar do cenário, mas uma melhora do mercado de trabalho formal só deve acontecer na segunda metade de 2018.