Natasha Vasconcelos e Caio Agmont, da Ages Bioactive: biofarmacêutica deve faturar R$ 12 milhões com o Seccure em 2026 (Gil Silva/Edição)
Repórter
Publicado em 26 de outubro de 2024 às 06h31.
Última atualização em 26 de outubro de 2024 às 09h21.
A dor crônica afeta mais de 60 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED). Muitos pacientes dependem de tratamentos caros que podem apresentar efeitos colaterais como vício e sonolência. O canabidiol (CBD), por exemplo, é um dos produtos mais promissores para o alívio da dor, mas enfrenta barreiras regulatórias e varia entre R$ 250 e R$ 1.500.
O CBD é extraído da planta da cannabis, conhecida popularmente como maconha, e enfrenta restrições legais devido à presença de tetrahidrocanabinol (THC), componente psicoativo associado à droga. A importação e a regulamentação elevam os custos de produção para as fabricantes e encarecem o uso medicinal para o consumidor.
Buscando alternativas para esse problema, a biofarmacêutica Ages lançou o Seccure, um suplemento natural baseado em extratos amazônicos que promete ser uma alternativa ao CBD, sem as limitações e altos custos da cannabis.
O suplemento é formulado com extratos de plantas como copaíba e pimenta-preta, ricas em beta-cariofileno, um composto que ativa o sistema endocanabinoide (SEC) do corpo humano, assim como o canabidiol. O Seccure proporciona alívio para dores crônicas, como fibromialgia, artrite e outras condições inflamatórias.
Fundada em São Paulo, na capital paulista, em 2020, a Ages mira o mercado global de "healthspan", ou seja, o aumento do tempo de vida saudável. Isso significa não focar em longevidade, e sim a qualidade de vida ao longo da vida.
A empresa trabalha na criação de nutracêuticos — suplementos derivados de alimentos com benefícios médicos — que utilizam compostos majoritariamente da Amazônia. “Temos a maior biodiversidade do mundo, mas isso não é explorado pela indústria farmacêutica de forma adequada”, diz o fundador Caio Agmont. No Brasil, o setor de nutracêuticos foi estimado em cerca de R$ 7 bilhões em 2020.
O principal objetivo da Ages é oferecer alternativas para o alívio da dor e o bem-estar geral, utilizando bioativos que já demonstraram eficácia, mas que ainda são pouco explorados pela indústria farmacêutica. Os principais produtos são o Seccure, voltado para dores crônicas, e o Ormona, que foca na saúde da mulher na menopausa.
A empresa projeta um faturamento de R$ 5 milhões em 2025 e R$ 12 milhões em 2026 somente com a venda do Seccure, impulsionado pelo aumento da demanda por produtos de saúde natural e pelo crescimento do mercado de suplementos, que deve ultrapassar US$ 252 bilhões globalmente até 2025. “Nossa meta é transformar a Amazônia em uma plataforma de exportação de bioativos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a preservação do bioma”, diz Agmont.
A Ages planeja investir mais de R$ 3 milhões em estudos clínicos e pré-clínicos nos próximos anos. Em 2022, a empresa recebeu um investimento de até R$ 8 milhões do Fundo de Floresta e Clima da KPTL, fundo de venture capital resultado da fusão entre A5 Capital Partners e Inseed Investimentos. O portfólio do fundo é majoritariamente de startups de tecnologia, como as agrotechs Gado Certo, de compra e venda de gado, e a Raízs, plataforma que conecta agricultores ao consumidor final.
O Seccure é formulado com extratos de plantas como copaíba e pimenta-preta, que são ricas em beta-cariofileno, um composto que ativa o sistema endocanabinoide (SEC) do corpo humano.
O SEC é responsável por regular funções essenciais, como dor, humor e inflamação. “É como um sistema de adaptação do corpo, que ajuda a manter o equilíbrio diante de situações estressantes”, diz Natasha Vasconcelos, diretora da área de farmacêutica da Ages e responsável pelo desenvolvimento do Seccure.
O suplemento, então, é projetado para recuperar o equilíbrio do SEC, melhorando a resposta do corpo à dor sem os efeitos colaterais associados à cannabis.
Empresa de SC cresce seis vezes com fundo e é revendida à família fundadoraSegundo a Ages, enquanto o CBD possui um único princípio ativo (o canabidiol), o Seccure combina múltiplos compostos, como o beta-cariofileno. A empresa também afirma que o Seccure tem uma taxa de absorção de até 80%, enquanto o CBD tem em torno de 16%.
Então, apesar do sistema endocanabinoide ter esse nome por conta da cannabis, o que ele absorve melhor mesmo, de acordo com a Ages, são compostos como o beta-cariofileno. Isso permite que uma maior quantidade chegue ao sistema, potencializando os efeitos terapêuticos.
Além disso, ao contrário do canabidiol, o Seccure não contém THC, eliminando os efeitos psicoativos e os riscos associados ao uso da cannabis. Isso o torna uma opção mais segura para pacientes que buscam alívio para dores crônicas, sem os efeitos colaterais indesejados.
Um diferencial importante do Seccure é o preço: ele custa entre R$ 150 e R$ 160, enquanto o CBD custa no mínimo R$ 250. Segundo Agmont, o canabidiol pode chegar a custar até dez vezes mais.
O produto está sendo introduzido no mercado por meio de uma parceria com a Central Farma, que realiza eventos de educação para médicos em todo o Brasil e disponibiliza a compra do Seccure pelo site oficial. “Muitos médicos ainda não conhecem bem o sistema endocanabinoide, então é fundamental capacitá-los para entenderem como o Seccure pode ser integrado aos tratamentos”, afirma Agmont. Ele ressalta que o SEC começou a ser estudado na década de 1990.
Até o momento, mais de 3 mil pacientes já utilizaram o Seccure.
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