Afya: a companhia já tem planos de aportes na universidade, com investimentos em infraestrutura e em tecnologia, além da oferta de cursos de pós-graduação e especialização (Afya Educacional/Divulgação/Divulgação)
Agência O Globo
Publicado em 28 de maio de 2021 às 08h08.
Última atualização em 28 de maio de 2021 às 08h12.
O grupo Afya Educacional, dono da maior rede de faculdades de Medicina do país, anunciou nesta quinta-feira a compra da Unigranrio por R$ 700 milhões. Essa é a maior aquisição da companhia e também a primeira operação na cidade do Rio.
O valor, que será pago 60% em dinheiro e o restante em quatro parcelas iguais anuais, inclui também uma dívida líquida da Unigranrio estimada em R$ 72,4 milhões.
— Esse é um namoro antigo, que começou no início da pandemia. Foram alguns meses de negociação até culminar na assinatura do contrato hoje. Será nossa operação com o maior número de vagas autorizadas — disse o CEO da Afya, Virgílio Gibbon.
Ele acrescentou que a companhia já tem planos de aportes na universidade, com investimentos em infraestrutura e em tecnologia, além da oferta de cursos de pós-graduação e especialização.
A aquisição adiciona 308 vagas em cursos de Medicina ao portfólio da Afya, que tem na área de formação em saúde o seu foco principal. Confirmada a aquisição, após avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a companhia terá 2.611 vagas autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC).
A Unigranrio tem 1.777 alunos de Medicina matriculados. Este número pode chegar a 2.218 quando o curso atingir a maturidade, em 2023. Em outros cursos da área de saúde são 5.746 alunos.
Em 2020, a receita líquida da Unigranrio foi de R$ 263.1 milhões, sendo 49% provenientes do curso de Medicina. Considerando todos os cursos da área da saúde, este percentual chega a 68%.
A projeção para 2023 é de uma receita líquida de R$ 343.2 milhões com a Medicina representando 71% deste valor. Se forem considerados os outros cursos de saúde, este percentual sobe para 85%.
A Unigranrio foi fundada na Baixada Fluminense na década de 1970 pelo professor José de Souza Herdy a partir da Associação Fluminense de Educação (AFE), como Centro Educacional de Duque de Caxias (CEDUC). Foi reconhecida como universidade nos anos 1990, quando adotou o nome de Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e criou o curso de Medicina. Tem unidades no Rio, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo.
Atualmente a Afya está presente em 21 cidades (18 delas com o curso de Medicina), sendo quatro capitais: Teresina (PI), Palmas (TO), João Pessoa (PB) e Porto Velho (RO). No estado do Rio de Janeiro a Afya já opera por meio do Centro Universitário UniRedentor, em Itaperuna, no Noroeste Fluminense, aquisição concluída em janeiro de 2020.
Em julho de 2019, a Afya realizou uma oferta pública de ações (IPO) na Nasdaq, Bolsa de valores norte-americana, que tem como principal característica reunir empresas especializadas em alta tecnologia.
Desde então, a companhia completou 14 aquisições, sendo sete instituições de ensino de Medicina e sete start-ups de serviços digitais para médicos. A Afya não possui ações na Bolsa de São Paulo (B3).
Há cerca de um mês, a Afya anunciou o recebimento de um investimento de R$ 822 milhões, o equivalente a US$ 150 milhões, do SoftBank Latin America Fund, que passa a deter 8,4% das ações da companhia.
Na ocasião, o CEO da Afya afirmou que o novo aporte seria usado para "aquisições, produtos e tecnologias".
— Depois do IPO, a gente estabeleceu a meta de conquistar mil vagas de Medicina em três anos. Com esta aquisição, chegamos a 1.159 novas vagas em menos de dois anos. Isso reforça a confiança que os investidores depositaram em nós — comemorou Gibbon.