Túlio Gambogi, da Adyen: apenas 15% das compras online são feitas via débito (Adyen/Divulgação)
Natália Flach
Publicado em 8 de maio de 2020 às 16h36.
Última atualização em 11 de maio de 2020 às 12h48.
As empresas de maquininhas têm corrido para permitir que mais e mais varejistas aceitem o cartão virtual de débito da Caixa Econômica Federal em parceria com a Elo. Com ele, os beneficiários do auxílio emergencial de 600 reais podem fazer compras online. Como nenhum lojista quer ficar de fora, a processadora de cartões Adyen fez uma parceria com a Caixa para permitir que seus clientes, como Magazine Luiza e RecargaPay, passassem a aceitar essa forma de pagamento.
De acordo com o Banco Central, os cartões de débito ativos superam em 13% o número de cartões de crédito no Brasil - e a expectativa é que os novos cartões aumentem ainda mais essa diferença. Mas o uso deles no ecommerce ainda é restrito. Dados da Adyen apontam que menos de 15% das compras online são feitas via débito.
De qualquer forma, é de se esperar um aumento do volume de compras no ecommerce tanto pelo isolamento social recomendado quanto pela comodidade que isso implica. "É claro que não é uma máxima para todos os segmentos, mas é natural que aumente no caso de supermercados, por exemplo", afirma Túlio Gambogi, responsável pela área de adquirência e produtos da Adyen para a América Latina.
Dados da plataforma da Adyen - que também tem como clientes Via Varejo, Uber e iFood - apontam que houve um crescimento de 308% nas transações realizadas por varejistas com as carteiras digitais Apple Pay, Samsung Pay e Google Pay no Brasil em 2019. Esse crescimento também é visto em empresas como o e-commerce de vinhos, Evino, e Zul Digital, solução para pagamento de estacionamento rotativo. Na evino, 10% de todas as vendas já eram realizadas por ewallets nos primeiros seis meses de operação, enquanto a Zul Digital registrou 12% dos pagamentos feitos com a tecnologia.
"Deu até mais certo do que esperávamos", diz Gambogi. Isso porque o Brasil tem mais celulares do que habitantes - a última estimativa fala em 230 milhões de smartphones. Segundo o executivo, o país e a Argentina têm papel de liderança nesse sentido na América Latina.
Gambogi, no entanto, não acha que as formas mais convencionais de pagamento - como dinheiro - vão desaparecer. "A gente não usa muito o cheque mas ele está aí. O pagamento instantâneo vem para somar, e o nosso papel é reduzir cada vez mais a fricção, pois ela diminui as chances de conversão da compra."
Para o executivo, a tendência é de queda nas taxas cobradas dos varejistas que têm maquininhas ou processa compras em lojas online. "A maior parte do custo fica concentrada no intercâmbio - que é cobrado pelo emissor dos cartões - e ele vem caindo no mundo, por isso a tendência deve se repetir no Brasil."