Negócios

Advent quer vender empresa de portos TCP e comprar farmacêutica

Depois de anunciar duas aquisições em menos de dois meses, fundo americano se prepara para fazer mais negócios no Brasil

Teuto: fundo está de olho em fabricante de genéricos brasileira (Philippe Huguen/AFP)

Teuto: fundo está de olho em fabricante de genéricos brasileira (Philippe Huguen/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 09h59.

São Paulo - Depois de anunciar duas aquisições em menos de dois meses - a distribuidora química quantiQ, que pertencia à Braskem, e a faculdade gaúcha Cesuca -, o fundo de investimento americano Advent está prestes a fechar outros negócios no País.

Apontado como favorito para comprar a fabricante de medicamentos genéricos Teuto, que tem a gigante americana Pfizer como sócia, o Advent também deverá concluir em breve a venda do terminal portuário TCP, de Paranaguá (PR), empresa avaliada em cerca de R$ 3 bilhões, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Essas duas operações são consideradas relevantes pelo mercado, mas não são as únicas em que a gestora está envolvida, segundo pessoas a par do assunto.

Fontes de mercado afirmam que o fundo de private equity - que compra participações em empresas - deverá ser um dos mais ativos no Brasil este ano.

A gestora também está em conversas avançadas para abrir o capital da farmacêutica Biotoscana, que no Brasil controla a United Medical. Além disso, avalia a Via Varejo, divisão de eletroeletrônico do grupo francês Casino.

Neste último caso, ainda não há negociações em curso. A rede foi colocada à venda pela varejista francesa, que contratou o Santander para assessorar a transação.

Apesar de ter atraído a atenção de investidores de peso, como a rede chilena Falabella, Lojas Americanas e o próprio Advent, a venda da Via Varejo, dona da Casas Bahia e Ponto Frio, pode demorar mais do que o previsto, uma vez que, mesmo que a recessão acabe, o setor de eletrodomésticos deve ser um dos últimos a se recuperar.

Saúde

Com foco em setores considerados resilientes, o interesse do Advent pelo segmento de saúde tem crescido nos últimos anos. Em setembro de 2015, comprou 13% de participação do laboratório de diagnóstico Fleury, por cerca de R$ 400 milhões.

Em dezembro do mesmo ano, o laboratório Biotoscana, controlado pelo fundo, adquiriu a argentina LKM. O objetivo da gestora é reforçar sua presença em saúde na América Latina.

"A compra do laboratório Teuto, com foco em genéricos, reforça esse tese", frisou uma fonte à reportagem.

As negociações entre Advent e Teuto já estiveram mais firmes no fim do ano passado, mas esbarram em preço. O ativo - que tem como acionistas a Pfizer, com 40%, e a família Melo, com 60% -, chegou a ter seu valor de mercado estimado em R$ 1,5 bilhão.

No entanto, segundo fontes envolvidas na negociação, a expectativa é de que a operação seja fechada por um valor mais baixo. O contrato poderia ainda conter metas de desempenho futuro do negócio.

"Havia uma expectativa de que a Pfizer exercesse seu direito de preferência para comprar os 60% restantes da companhia. Porém, uma mudança da estratégia global da Pfizer, que pode sair do segmento de genéricos, fez a companhia rever essa posição", disse outra fonte. Procuradas, Pfizer e Teuto não comentaram.

Outro segmento considerado prioritário pelo fundo é de educação. A compra da faculdade Cesuca, no fim de 2016, dois anos após ter saído da Kroton - que está em processo de fusão com a Estácio -, demonstra que a gestora voltou a ter apetite neste setor, apesar da redução da verba para o programa de financiamento estudantil do governo, o Fies.

Dentro do processo de união de Estácio e Kroton, o Advent pretende olhar os ativos que terão de ser vendidos pelas para obtenção do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a fusão.

Logística

Enquanto analisa ativos no Brasil e na América Latina - o Advent levantou US$ 2,1 bilhões, no fim de 2014, para investir na região -, a gestora poderá levantar dinheiro novo com a venda de sua fatia de 50% do terminal portuário TCP.

O Advent pagou R$ 1 bilhão por 50% do terminal, em 2011. O plano inicial, segundo fontes, era abrir o capital do TCP, mas o interesse de investidores pelo ativo fez com que a gestora colocasse o negócio à venda.

Entre os cotados para ficar com o negócio estão a Dubai Ports World, a China Merchants e a APM Terminals, com sede na Holanda, que já é acionista da TCP. Procurado, o Advent não comenta. As outras empresas não retornaram pedidos de entrevista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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