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Acordo na Usiminas fica mais distante após avanço da Ternium

Analistas do banco liderados por Alexander Hacking consideram que nenhuma das partes quer sair voluntariamente da Usiminas


	Bobina da Usiminas: acordo de acionistas da Usiminas tem validade até 2031
 (Divulgação)

Bobina da Usiminas: acordo de acionistas da Usiminas tem validade até 2031 (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2014 às 11h22.

São Paulo - Um eventual acordo na briga entre os principais acionistas da maior produtora de aços planos do Brasil, Usiminas, ficou mais difícil de ser alcançado depois que o grupo Ternium anunciou na véspera compra de participação adicional na companhia, afirmaram analistas do Citigroup nesta sexta-feira.

Em relatório intitulado "Uma Declaração de Guerra?", analistas do banco liderados por Alexander Hacking consideram que nenhuma das partes --Ternium e o Grupo Nippon-- quer sair voluntariamente da Usiminas e a divisão do grupo de controle da empresa arrisca criar uma batalha legal de vários anos.

Na sexta-feira passada, disputas internas entre Ternium e Nippon envolvendo a gestão da Usiminas culminaram com a demissão do presidente-executivo da companhia, Julián Eguren, indicado pelo grupo latino-americano. Outros dois altos executivos indicados pela Ternium também foram destituídos em uma votação do conselho de administração que foi desempatada pelo presidente do órgão, Paulo Penido, alinhado à Nippon.

Segundo os analistas do Citi, o anúncio da aquisição pela Ternium da participação do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, na Usiminas "claramente levanta a possibilidade da Techint (Ternium) se posicionar para uma quebra no acordo de acionistas".

De acordo com os analistas, qualquer movimento nesse sentido favoreceria a ação ordinária da Usiminas em detrimento da preferencial, uma vez que o papel ordinário assegura aos acionistas minoritários o direito de recebimento de 80 por cento do preço pago por eventual comprador de ações que integram o bloco de controle da companhia através de uma oferta pública.

Na véspera, a Ternium informou que acredita que a compra da fatia da Previ não vai disparar obrigação para que faça uma oferta pública de aquisição.

O acordo de acionistas da Usiminas tem validade até 2031 e foi firmado quando a Ternium, controlada pelo grupo ítalo-argentino Techint, acordou a compra das participações de controle da Camargo Corrêa e Votorantim na siderúrgica no final de 2011. O ágio pago naquela época foi de 80 por cento, praticamente o mesmo nível do prêmio ofertado agora na compra das ações da Previ, que não participa do grupo de controle, mas tem uma vaga no conselho de administração.

A Previ teria votado a favor da demissão de Eguren e dos outros dois executivos da Usiminas, segundo analistas do Citi.

Porém, como ainda não há definição sobre possível quebra do acordo de acionistas, a compra da participação da Previ pela Ternium não garante agora ao grupo latino-americano direitos adicionais no conselho, disseram os analistas, apesar de sua participação no grupo de controle da siderúrgica subir de 27,66 por cento para 38 por cento. A Nippon detém atualmente fatia de 29,45 por cento.

"O futuro do décimo assento no conselho da Usiminas (que pertencia à Previ) pode ser interessante. A participação de 10 por cento da CSN em ações ordinárias da Usiminas é outro fator", lembraram os analistas do Citi.

Procurados, representantes da Nippon no Japão disseram que a compra dos papéis adicionais "não afetará nossos direitos na gestão da Usiminas", e que o motivo para a saída dos executivos da companhia foi porque auditorias realizadas na empresa "mostraram que eles receberam dinheiro de maneira indevida".

A Usiminas afirmou na quarta-feira que a destituição dos executivos ocorreu por problemas de falta de governança encontrados pelas auditorias. Representantes dos executivos não puderam ser contatados de imediato. Usiminas não comentou o assunto e a Ternium rejeitou as acusações.

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