Negócios

Aché está à procura de um presidente

A companhia busca um executivo com perfil financeiro que faça a empresa cada vez mais rentável para garantir gordos dividendos para as famílias controladoras


	Linha de produção do Aché: após a saída de José Ricardo Mendes da Silva, considerado o homem de confiança dos Depieri, a companhia tem sido coordenada por um comitê de gestão
 (Divulgação)

Linha de produção do Aché: após a saída de José Ricardo Mendes da Silva, considerado o homem de confiança dos Depieri, a companhia tem sido coordenada por um comitê de gestão (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2013 às 08h14.

São Paulo - A farmacêutica Aché, uma das maiores do País, está à procura de um presidente executivo. Mas não é um presidente qualquer. A companhia nacional, que registrou faturamento líquido de R$ 1,6 bilhão em 2012, busca um executivo com perfil financeiro, disseram fontes ao jornal O Estado de S. Paulo.

A estratégia é tornar a empresa cada vez mais rentável para garantir gordos dividendos para as três famílias controladoras: Dellape Baptista, Siaulys e Depieri.

“O Aché é uma máquina de fazer dinheiro e é considerada uma das mais rentáveis do setor, com um portfólio de medicamentos diversificado”, afirmou uma fonte.

O Aché, porém, informou apenas que “segue no processo de sucessão e está avaliando candidatos para a posição de diretor-presidente. No momento oportuno haverá comunicação sobre o novo ocupante do cargo”.

Desde fevereiro, a companhia tem sido coordenada por um comitê de gestão, do qual fazem parte os diretores executivos Manoel Arruda Nascimento (gestão de demanda); Celso Sustovich (novos negócios) e Vânia de Alcântara Machado (comercial), apoiados pelo presidente do Conselho de Administração, Adalberto Dellape Baptista.

Este comitê foi criado após a saída do executivo José Ricardo Mendes da Silva, considerado o homem de confiança dos Depieri.

Venda bilionária

No ano passado, os acionistas do grupo, que está na segunda geração, tentaram vender o laboratório. Gigantes globais, como a inglesa GlaxoSmithKline (GSK) e a suíça Novartis, olharam os ativos, dizem fontes. O Aché não confirma que esteve à venda.


O negócio estaria avaliado na casa dos R$ 15 bilhões - quase 25 vezes o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia, valor considerado estratosférico no setor farmacêutico.

No mercado internacional, para se ter uma ideia, os ativos farmacêuticos giram em torno de 8 a 10 vezes o Ebtida. Importantes aquisições feitas no País, como o da Mantecorp pela Hypermarcas, e a Multilab pela Takeda, os múltiplos giraram em torno de 20 vezes o Ebtida.

“Muita companhias globais chegaram a avaliar o Aché, considerado um dos melhores ativos farmacêuticos do País, mas as negociações esbarraram no preço. O valor dos laboratórios nacionais inflacionou muito e o cenário macroeconômico não está entre os mais otimistas”, diz uma fonte.

“Não é a primeira vez que os acionistas tentaram vender a empresa. Muito se fala em divergência entre os acionistas nos negócios, mas os controladores criaram sua regra de convívio e se toleram.

Eles são, na verdade, mais acionistas do que donos e estão mais interessados em tirar o lucro”, afirma outra fonte. Nos últimos três anos, os sócios retiraram dividendos que responderam por quase 100% do lucro da empresa, afirmaram fontes.

Outros negócios

Além da participação no laboratório Aché, os controladores mantêm importantes negócios independentes. A família Baptista, por exemplo, controla a Partage, de empreendimentos imobiliários. Os Siaulys possuem redes de hotéis de luxo, como o Unique.


Os Depieri são investidores do mercado financeiro. As famílias também estão entre os acionistas da BR Pharma, braço de varejo farmacêutico do BTG. Nos últimos anos, o Aché tentou abrir seu capital, mas não levou o projeto adiante pelas incertezas do mercado.

A farmacêutica engrossou nos últimos anos o movimento de consolidação do setor. Em 2003, o laboratório incorporou a alemã Asta Médica do Brasil. Mas foi em 2005 que o grupo deu seu maior salto, com a compra da Biosintética Farmacêutica, que possibilitou à companhia entrar no segmento de genéricos - hoje os produtos são vendidos sob a marca Genéricos Biosintética.

Em 2010, a empresa adquiriu 50% da Melcon, de Anápolis (GO), marcando sua entrada em hormônios. A companhia tentou, em 2011, fazer uma joint venture com a inglesa GSK para a produção de produtos inovadores, mas a aliança não foi adiante.

O Aché tem cerca 280 marcas de produtos em 695 apresentações de medicamentos sob prescrição, isentos de prescrição e genéricos. A empresa também atua em dermatologia e nutracêuticos, de margens mais atraentes.

O Aché também faz parte da Bionovis, superfarmacêutica criada com o apoio do governo federal para produzir medicamentos biossimilares, que tem entre os sócios a EMS, Hypermarcas e União Química.

A notícia de que o Aché poderia mudar de mãos causou preocupação no governo, pois o acordo de acionistas da Bionovis não permite a participação de capital estrangeiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AchéEmpresasgestao-de-negociosIndústria farmacêuticaSucessão

Mais de Negócios

"Tinder do aço": conheça a startup que deve faturar R$ 7 milhões com digitalização do setor

Sears: o que aconteceu com a gigante rede de lojas americana famosa no Brasil nos anos 1980

A voz está prestes a virar o novo ‘reconhecimento facial’. Conheça a startup brasileira por trás

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões