Cervejas da SABMiller (Daniel Acker/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 30 de setembro de 2015 às 18h44.
O pacote de dívidas de 70 bilhões de dólares que está sendo arranjado para financiar a aquisição da SABMiller pela Anheuser-Busch InBev ainda deixa a maior cervejaria do mundo com a tarefa de fazer um complicado equilíbrio para satisfazer acionistas com diferentes objetivos.
Os dois maiores acionistas da SABMiller encaram potenciais impostos sobre ganhos de capitais, então podem querer ser pagos em ações, o que poderia bater de frente com o desejo dos acionistas controladores da AB InBev de limitar a diluição de seu controle que poderia acontecer com a emissão de novas ações. Além disso, alguns acionistas podem ter restrições vinculadas ao local de uma eventual listagem de ações.
A Altria, fabricante dos cigarros Marlboro e a família Santo Domingo, da Colômbia, juntas possuem 42 por cento da SABMiller, e acredita-se largamente que prefiram ações em uma companhia maior em vez de dinheiro, para evitarem impostos sobre ganhos de capital.
As participações são avaliadas em cerca de 24 bilhões e 13 bilhões de dólares, respectivamente, nos preços atuais. "Podemos dizer com confiança que a Altria e a família Santo Domingo vão querer uma parte razoável em ações, provavelmente a maior parte", disse o analista Eamonn Ferry, da Exane BNP.
A AB InBev, fabricante das marcas Budweiser e da Stella Artois e controladora da brasileira Ambev, deve oferecer entre 40 e 45 libras por ação de sua rival mais próxima dentro das próximas duas semanas e já está pedindo aos bancos que subscrevam mais de 70 bilhões de dólares em dívidas para financiar a operação, disseram fontes à Reuters.
Com um acordo custando até 110 bilhões de dólares, isto deixa margem para se estimar uma provável emissão de ações de cerca de 40 bilhões de dólares. O montante representa uma parcela que aproximadamente se encaixa na divisão 60/40 esperada por analistas. Eles observaram que os acionistas brasileiros e belgas fundadores da AB InBev, donos de 52 por cento das ações da companhia, não gostariam de diluir amplamente seu controle emitindo novas ações demais.
Se a diluição for muito grande, o analista do Société Générale Andrew Holland sugere a possibilidade de uma recompra de ações em um estágio posterior à transação.
A eventual compra da SABMiller pela InBev poderá criar uma companhia responsável por um terço da cerveja produzida no mundo. As regras da Inglaterra exigem que a AB InBev faça uma oferta formal pela SABMiller até 14 de outubro, embora as partes não precisam revelar a oferta.
SABMiller e AB InBev não quiseram comentar o assunto. Representantes oficiais da Altria e da família Santo Domingo não puderam ser contatados imediatamente.