Vale (Washington Alves/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 07h14.
Última atualização em 3 de dezembro de 2019 às 07h33.
São Paulo — Pouco mais de dez meses após a maior tragédia ambiental da história do Brasil, o rompimento da barragem de Brumadinho, a mineradora Vale voltou a apresentar metas de produção de minério de ferro. A ordem nos últimos meses dentro da mineradora era concentrar os esforços na reparação dos danos ambientais e na indenização às vítimas.
A mineradora anunciou meta de produção de até 312 milhões de toneladas de minério de ferro em 2019, e que deverá produzir algo entre 340 milhões e 355 milhões de toneladas de minério de ferro em 2020. ,
Para o ano seguinte, a estimativa é de uma produção entre 375 milhões e 395 milhões de toneladas, de acordo com comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Era a mesma meta prevista para 2019, antes da tragédia.
A mineradora anunciou ainda que vai investir 5 bilhões de dólares em 2020 e 2021, período em que as despesas com a paralisação das atividades deve cair os atuais 900 milhões de reais ao ano para 500 milhões em 2020 e 180 milhões em 2021. A combinação de boas perspectivas fez as ações da mineradora avançarem 2,72% ontem. É sinal de que Brumadinho ficou para trás?
As ações da mineradora ainda acumulam queda de 10% desde o dia anterior ao rompimento da barragem que deixou mais de 250 mortos, no dia 25 de janeiro. Mas já subiram mais de 20% desde o início de fevereiro. Das 40 milhões de toneladas de minério de ferro paradas em consequência do rompimento, 15 milhões devem ser retomadas em 2020 e 25 milhões em 2025.
Na semana passada a companhia anunciou ter concluído as obras para eliminar a primeira de nove barragens com método de construção semelhante à de Brumadinho. A meta é investir até 8,6 bilhões de reais na eliminação das demais barragens nos próximos três anos.
Enquanto retoma os números financeiros, a mineradora segue em duras negociações com moradores atingidos e parentes das vítimas. Após audiência na semana passada, a companhia anunciou que vai prorrogar por dez meses uma indenização de um salário mínimo paga aos moradores de Brumadinho e região afetados pelo rompimento — mas o público alvo vai ser reduzido para cerca de 15 mil pessoas, das 100 mil que recebem atualmente a indenização.
O valor de uma indenização definitiva para as vítimas ainda é ponto de debate judicial. Em novembro, a companhia foi condenada a pagar 8 milhões de reais a uma família que perdeu três parentes no rompimento. A comissão parlamentar de inquérito que apura o rompimento pediu, em outubro, o indiciamento de 22 pessoas, além da Vale e da empresa alemã Tüv Süd por crime socioambiental e corrupção.
A produção da Vale pode até retomar os níveis pré-Brumadinho. Mas a tragédia seguirá fazendo parte da rotina da empresa.